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2º DOMINGO DO TEMPO COMUM

bodas de caná

Por Padre José Luiz Gonzaga do Prado

Os textos bíblicos desta festa:

1a. Leitura (Is 62,1-15) O profeta anuncia a esperança para o povo massacrado pelo exílio e o cativeiro. Fala da saída do cativeiro como um novo casamento onde o povo é a esposa e Deus o esposo.

Salmo (96 [95],1-3.7-10) O Salmo canta o louvor de Deus, amigo do povo.

2a. Leitura (1Cor 12,4-11) Falando da variedade de dons na comunidade, Paulo lembra que são diferentes, mas não são desiguais. Ninguém é melhor do que o outro por ter esse ou aquele dom. Tudo vem de Deus.

Evangelho (Jo 2,1-11) A primeira leitura apontou o significado maior do que vamos ouvir no Evangelho. A Primeira Aliança, representada pela mãe de Jesus, passa para a Nova, a dos discípulos de Jesus, como a água que se muda em vinho.

HOMILIA 

A Realidade

Ele tirou a mulher da zona de prostituição e, dominado por imensa paixão, casou-se com ela. Fazia tudo por ela, procurava proporcionar-lhe o de melhor que podia em demonstrações de carinho e em conforto e segurança. Ela, porém, não correspondia àquele amor tão grande. Começou a trair o marido e acabou voltando para a prostituição. Então sentiu de perto como era triste a vida de uma prostituta, sem verdadeiro amor e objeto apenas de exploração. Ele, entretanto continuava apaixonado por ela, tanto que, um dia, trouxe-a de volta para sua casa e refez o casamento. Ela nunca mais o haveria de abandonar, pois dizia: “Depois que eu voltei, minha vida e eu mesma mudamos da água para o vinho!”.

A Palavra

A primeira Leitura é escolhida para combinar com o Evangelho, assim, ela mostra como o Evangelho deve ser entendido. A Leitura fala da esperada volta do sofrimento do exílio da Babilônia e descreve esse retorno como um novo casamento entre o Deus Javé e seu povo.

É disso que fala o Evangelho, todos os detalhes apontam nessa direção. Terceiro dia lembra o dia da Aliança do Sinai (Ex 19,15-16), a “mãe de Jesus” é a sua origem judaica, a parte boa do povo da Primeira Aliança, que percebe suas atuais falhas e diz: “Eles não têm vinho”: acabou a fé verdadeira, o compromisso verdadeiro, a alegria de viver esse compromisso.

A Lei de Deus escrita em pedras era a lei do amor, do respeito, da solidariedade, da liberdade. Ela agora estava transformada em inúteis rituais de purificação. “Estavam ali depositadas seis (está faltado alguma coisa) talhas de pedra (o que foi feito da Lei de Deus?) das purificações”.

“A minha hora não chegou”. A hora de Jesus é a hora da cruz. Só a morte dele vai selar a Nova Aliança, que tudo isso simboliza.

A mãe de Jesus diz aos que serviam: “Façam tudo o que ele mandar!” É ele agora a Nova Lei.

Era preciso encher de novo as talhas de pedra. A água que as encheu até em cima se transforma em vinho. É a nova aliança, a lei escrita não na pedra, mas dentro de cada um, a lei do espírito, a lei vazia de rituais, mas até em cima cheia de sentido, de fé, de amor.

O Mistério

Foi o princípio dos sinais. O arremate, a realização plena e definitiva é só na hora de Jesus, na hora de dar a vida pela multidão, hora de aceitar a humilhação máxima e morrer por quem o odeia gratuitamente, a fim de tirar o pecado do mundo, a cobiça de poder e de glória. A “hora” de Jesus é o que celebramos na Eucaristia.

Padre José Luiz Gonzaga do Prado (86 anos), mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico em Roma. Atuou em trabalhos de tradução nos Evangelhos de Marcos e de Mateus para as Bíblias Pastoral, da CNBB, Nova Bíblia Pastoral e revisão da Bíblia na Linguagem de Hoje.