Pesquisar
Close this search box.

A MISSÃO INACABADA DE SÃO JOSÉ DE ANCHIETA

junior-reis-vyvzhbnYVVE-unsplash

José de Anchieta, conhecido como apóstolo e co-padroeiro do Brasil, foi um dos jesuítas mais importantes para a história da evangelização do país. Chegou na Terra de Santa Cruz, como era conhecido o Brasil, em 1553. Um grande poeta, dramaturgo, gramático, linguista e historiador.

Em menos de um ano dominou a língua nativa dos índios, o Tupi, inclusive, escreveu a primeira gramática e Catecismo da Igreja Católica nesta língua. Durante os 43 anos de atuação missionária, colaborou com a fundação de escolas, cidades e Igrejas.

Uma das mais importantes participações de Anchieta foi na fundação do Colégio da Vila de São Paulo em 1554, centro do surgimento do que mais tarde se tornaria a cidade de São Paulo.

José de Anchieta atuou diretamente na educação e catequização dos nativos. O destaque da atuação do apóstolo do Brasil está na superação dos preconceitos culturais contra os indígenas. Tanto que aprendeu e escreveu em Tupi, começando a evangelização respeitando à cultura dos indígenas. E, junto com seus irmãos da Companhia de Jesus, lutou contra os abusos dos colonizadores.

Essa é a missão inacabada de Anchieta: depois de mais de 450 anos, ainda há muito o que aprender sobre evangelização e respeito à cultura.

No magistério do papa Francisco, reflexo do Concílio Vaticano II (1962-1965), encontra-se insistentes orientações sobre a necessidade de anunciar a Boa Nova de Jesus a partir do respeito à cultura de cada povo. A ideia de que o mundo era um lugar católico e cristão deteriorou-se numa realidade plural e diversificada.

Como afirma o papa Francisco em sua primeira Exortação Apostólica, Alegria do Evangelho (2013):

“Não basta a preocupação do evangelizador por chegar a cada pessoa, mas o Evangelho também se anuncia às culturas no seu conjunto, a teologia – e não só a teologia pastoral – em diálogo com outras ciências e experiências humanas tem grande importância para pensar como fazer chegar a proposta do Evangelho à variedade dos contextos culturais e dos destinatários. A Igreja, comprometida na evangelização, aprecia e encoraja o carisma dos teólogos e o seu esforço na investigação teológica, que promove o diálogo com o mundo da cultura e da ciência. Faço apelo aos teólogos para que cumpram este serviço como parte da missão salvífica da Igreja” (EG 133).

Como herdeiros da fé anunciada com amor e dedicação por São José de Anchieta, cabe a cada um de nós, cristãos católicos, não temer as diferenças e o diferente. O respeito à cultura é um bem a ser alcançado em plenitude. Este respeito, parece ter sido alcançado apenas em partes. É preciso resgatar e buscar cumprir a missão de Anchieta: lutar e denunciar a cultura da colonização e do preconceito aos costumes de cada povo.

Luiz Fernando Gomes

Luiz Fernando Gomes é seminarista da Diocese de Guaxupé-MG. É bacharel em Filosofia pela Faculdade Católica de Pouso Alegre e está cursando o último período de bacharel em Teologia pela mesma Instituição.