No dia 16 de julho comemoramos o dia da solenidade de Nossa Senhora do Carmo. Uma devoção que ocupa um lugar especial na vida de todo cristão católico. Muitos usam o símbolo de sua proteção e da Ordem Religiosa que carrega o seu nome, o escapulário, como sinal de comprometimento com Jesus Cristo.
Hoje, neste dia especial, nós do Katholika queremos trazer para vocês uma pequena entrevista com Frei Evaldo Xavier, prior do Carmelo de Belo Horizonte. Entre os assuntos, está o surgimento da ordem, a espiritualidade do escapulário e a missão de um carmelita. Acompanhe.
Katholika: Resumidamente, quando surgiu a ordem do Carmo, qual a missão dos freis carmelitas e a sua espiritualidade?
A ordem do Carmo nasceu na Terra Santa, de forma mais específica, em um monte muito citado nas Sagradas Escrituras como lugar no qual viviam homens santos, os eremitas, homens de Deus, que é o Monte Carmelo. E por isso a ordem recebe o nome de Carmo, ou Ordem do Carmelo. Essa ordem nasce, precisamente, na época das Cruzadas e os primeiros carmelitas eram cavaleiros cruzados ou homens que os acompanhavam na Terra Santa e decidiram abandonar a vida militar para se dedicar à vida espiritual e ao cultivo da fé e do amor a Deus.
Katholika: A devoção a Nossa Senhora do Carmo é muito propagada e conhecida. Como entender o motivo dessa relação filial das pessoas com a Virgem do Carmo?
Com relação a difusão no Brasil, uma das devoções mais difundidas no território nacional é a devoção a Nossa Senhora do Carmo. Haja vista as inúmeras, dezenas de cidades, com o nome de Carmo, como: Carmópolis, Monte Carmelo, Carmo de Minas, Carmo do Cajuru, Carmo do Rio Claro, e tantas cidades dedicadas à Virgem do Carmo. Portanto, uma devoção extremamente difusa. Na Amazônia, por obra dos frades carmelitas, que foram responsáveis pelas missões no Rio Negro e, aqui em Minas Gerais, sobretudo pelos carmelitas do estado de São Paulo que acompanhavam as expedições dos bandeirantes pelo interior do país. Vale ressaltar que o dia do estado de Minas Gerais se comemora no dia 16 de julho, isso porque a primeira vila na terra mineira nasce com o nome de Ribeirão do Carmo, atual cidade de Mariana.
Katholika: Os símbolos e sacramentais ajudam a identificar e a sinalizar a graça e proteção de Deus. Como o uso do escapulário pode refletir na vida do devoto de Nossa Senhora do Carmo?
Em uma oração de São Simão Estock à Nossa Senhora, ele recebe o escapulário como confirmação de que a Ordem do Carmo estava sob sua proteção. Hoje, ele passou por um processo de formação: um pequeno tecido marrom com a imagem de Jesus e de Nossa Senhora do Carmo, ou em forma de medalha. Mas, muitas pessoas não sabem o significado de seu uso.
O escapulário foi um sinal de confirmação e proteção da Virgem Maria. Portanto, quem usa o escapulário tem essa proteção, tem a sinalização da Graça de Deus que acompanha aquele que manifesta sua devoção à Virgem Maria. É um sinal de comprometimento a Jesus Cristo!
Katholika: Como a espiritualidade carmelita pode ser uma resposta para os tempos hoje?
O ideal de vida de quando nasceu a Ordem dos Carmelitas era terem uma vida contemplativa. Não havia uma missão de imediato. Cada um vivia em suas celas, e se encontravam para as refeições e para rezarem. Viviam para a oração e contemplação. Contudo, com a volta dos mulçumanos a Terra Santa, os monges foram obrigados a emigrarem para Europa. Lá, o estilo de vida mudou, reinventando a sua missão, isso na época dos Dominicanos e Franciscanos. Assim, começaram a ir ao encontro das pessoas. Antes, as pessoas subiam aos montes para procurar os carmelitas, hoje, somos nós que descemos do monte para ir ao encontro das pessoas. O carisma não mudou, mas a sua forma de atuação, sim: antes, apenas a oração. Agora, também a vida pastoral. Hoje atuamos com as necessidades da Igreja, isso define nossa missão. O que a Igreja está precisando ali, naquela realidade local: ali, então, estará um carmelita.
Redação Katholika
