A contagem do tempo está tão presente na vida das pessoas que dificilmente alguém não saiba, ao menos, intuir que horas são, sem olhar no relógio. Vive-se num emaranhado tão frenético entre passado e futuro que o breve instante que une as duas etapas, o presente, passa despercebido.
Seria possível viver somente do “agora”? O presente, transição entre passado e futuro, não seria o reflexo de um e expectativa do outro? Vive-se do passado? Olha-se muito para futuro? Como entender o tempo em curso como único?
Para muitas pessoas, o que passou deve ser deixado onde está e não pode interferir no hoje. Quando se olha a infinidade de traços que cada um traz em si das experiências boas e ruins da vida fica fácil perceber que uma ruptura com o passado não é possível. O passado influencia, sem tolher a liberdade da escolha, no presente e tudo o que se projeta para o futuro.
Há um ditado popular que ainda ouvimos: “águas passadas não movem moinhos”. Verdade: não movem, mas fazem reverberar o movimento. É como o movimento de um cata-vento, que a criança impulsiona com a mão e ele continua a girar. As experiências já vividas não se repetem. Mas seus ecos, ou o reverberar de seus movimentos no campo da memória, podem interferir ou inspirar ações e decisões.
Não se vive do passado, nem sem ele. Não se vive no futuro, nem sem esperá-lo.
O presente é o tempo oportuno para extrair da vida o máximo que ela nos oferece, pois nele, o presente, possivelmente brota a árvore que nos dará sombra no amanhã. Boas escolhas nos livram de uma série de consequências negativas que depois ficaram vivas no passado da memória
Uma vida plena é conectada em três tempos. Fragmentá-la seria um equívoco tão grande quanto não perceber a beleza do seu curso.
Caio Violli
Caio Violli é um poeta sem profissão e apaixonado pelas ciências humanas.