A Igreja é composta pela totalidade de todos os santos, logo a comunhão dos santos se refere à comunhão entre todos os membros da Igreja (cf. CIC 946). Para compreender esse mistério a Igreja ensina no CIC (Catecismo da Igreja Católica), que:
“Uma vez que todos os crentes formam um só corpo, o bem de uns é comunicado aos outros … Assim, é preciso crer que existe uma comunhão dos bens na Igreja. Mas o membro mais importante é Cristo, que é a Cabeça […]. Assim, o bem de Cristo é comunicado a todos os membros, e essa comunicação se faz através dos sacramentos da Igreja. ‘Como a Igreja é governada por um só e mesmo Espírito, todos os bens por ela recebidos tornam-se necessariamente um fundo comum” (CIC 947).
Há dois modos de vivenciarmos a comunhão dos santos: o primeiro se refere à comunhão dos bens espirituais e o segundo, à comunhão entre a Igreja do Céu e da terra.
A comunhão dos bens espirituais acontece primeiramente na comunhão na fé recebida dos Apóstolos e que permanece ao longo dos séculos, de modo intacto, através do Depósito da Fé. Nele encontramos os sacramentos que pertencem a todos os fiéis, sobretudo o Batismo, porta de entrada na Igreja. Os sacramentos nos unem a Deus, principalmente à Eucaristia, porque ela consuma esta comunhão (cf. CIC 949-950).
Quando vemos os grandes místicos e seus escritos, os doutores da Igreja e seus ensinamentos, as graças especiais que se manifestam entre os fiéis, enfim, todo carisma que se manifesta na Igreja é para o bem de todos e para a edificação comum. Ninguém é proprietário dos dons de Deus, mas apenas um administrador. Essa comunhão nos carismas se realiza através da comunhão na caridade (cf. CIC 951-953)
A palavra de Deus afirma que “nenhum de nós vive para si mesmo, e nenhum de nós morre para si mesmo” (Rm 14, 7). Nesse sentido, até mesmo a morte não é um fim para o bem de si, mas um meio para a maior glória de Deus. Aqueles que são salvos, uns contemplam claramente o Deus trino e uno, como Ele é, outros são purificados (cf. CIC 954). Os que estão em Cristo, independentemente se vivos na terra ou no Céu, formam uma só Igreja e n’Ele estão unidos uns aos outros.
Essa união entre os membros da Igreja se expressa na intercessão dos santos. Os bem-aventurados, estando mais intimamente unidos com Cristo, não cessam de interceder em nosso favor e pelos fiéis defuntos que ainda não estão na glória. Por esses também intercedemos e assim nos servimos uns aos outros na caridade, sabendo que todo o bem se realiza em nós, pela graça de Deus (cf. CIC 954-959).
Leandro Cesar Bernardes Pereira
Leandro Cesar Bernardes Pereira. Mestre em Teologia, bacharel em Teologia pela Faculdade de Ciências Bíblicas e Arqueologia, Jerusalém – Israel, licenciado em Filosofia, Psicólogo, especialista em Neuropsicologia e em Neurociências e Comportamento.