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CONCLUSÃO DO ANO LITÚRGICO: O TEMPO DO FIM OU O FIM DOS TEMPOS?

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Estamos chegando ao fim do ano litúrgico, e assim como as empresas aproveitam o fim do ciclo anual para rever seus objetivos e suas estratégias, assim também nós junto com a Igreja devemos rever e escutar o que nos fala o Senhor. Temos uma certeza: o Senhor virá! “Grita uma voz: ‘Preparai no deserto o caminho do Senhor’” (Is 40,3). O clamor de Isaías por volta de 500 anos antes de Cristo ressoa no evangelho de Lucas: “Uma voz clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas” (Lc 3,4).

O mundo e a Igreja estão em crise, em crise profunda. O texto apocalíptico da Segunda Carta de São Pedro parece escrito para nossos dias:

“Entretanto virá o Dia do Senhor como ladrão. Naquele dia os céus passarão com ruído, os elementos abrasados se dissolverão, e será consumida a terra com todas as obras que ela contém. Uma vez que todas estas coisas se hão de desagregar, considerai qual deve ser a santidade de vossa vida e de vossa piedade” (2 Pe 3, 10-11).

Valores invertidos, instituições desacreditadas. Uma tremenda convulsão dos elementos aponta para o final de um ciclo. 

Parece que a mensagem do Evangelho está isolada como em um deserto. Neste ambiente conturbado e revolto é preciso foco e não dispersão. O anúncio do Evangelho deve se concentrar no que é essencial. O Evangelho tem um núcleo, uma síntese que chamamos Kerigma ou anúncio fundamental. São Lucas resume seu evangelho no discurso que Jesus fez na Sinagoga de Nazaré, sua cidade:

“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a Boa-Nova aos pobres, para sarar os corações contritos, para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para publicar o ano da graça do Senhor” (Lc 4, 1819). 

Toda pregação, catequese, moral, pastoral que não se fundamente e se inspire no Kerigma é palha a ser queimada. Anunciamos ao mundo que Jesus de Nazaré é o Filho de Deus, nosso Salvador e Redentor, ou como nos garante São Paulo: “Nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos” (1 Cor 1,23).

Por isto, João Batista, uma figura emblemática do Advento, sem entender a profundidade do mistério do seu primo, afirmava que não era digno de desatar a correia das suas sandálias. A Igreja, como João Batista, serve a Cristo, e não se serve de Cristo para outros fins. A única e exclusiva função da Igreja, e nossa função como discípulos, é anunciar Jesus, o Cristo e preparar a humanidade para sua vinda. Se a Igreja falhar nesta sua missão principal, ela perde sua razão de ser.

Pe. José Cândido

Pe. José Cândido da Silva é Pároco em São Sebastião, Região Centro-Sul de Belo Horizonte e Editor Chefe do Katholika.