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TERCEIRO DOMINGO DA QUARESMA

Sem Título-1

Por Padre José Luiz Gonzaga do Prado

Os textos bíblicos deste domingo:

1a. Leitura (Ex 3,1-8a.13-15) Vamos ouvir a primeira revelação de Deus ao povo que nos deu a Bíblia. Notar que ele enxerga o sofrimento do povo e vem ficar do seu lado. Seu nome é “aquele que é, que acontece ou está” com o povo.

Salmo (103 [102],1-4.6-8.11) No Salmo celebramos o nosso Deus, o Deus que está com o povo.

2a. Leitura (1Cor 10,1-6.10-12) Para corrigir desentendimentos e outras dificuldades na comunidade de Corinto, Paulo lembra a história do povo da Bíblia. Em toda caminhada há erros e tentações.

3a. L. Evangelho (Lc 13,1-9) Vão contar a Jesus o massacre dos peregrinos galileus ordenado por Pilatos. Qual será a reação de Jesus: criticar os galileus, que provocaram? Condenar Pilatos, o assassino?

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HOMILIA

A Realidade

Vamos pensar em catástrofes acontecidas hoje, terremotos, tsunamis, incêndios, inundações, barragens que se rompem, coisas desse tipo. Serão castigos de Deus? As vítimas, então, eram piores do que os outros? Ou é um aviso? Aviso de quê? Esses acontecimentos estão ajudando a humanidade a ter mais juízo? Parece que não, pois continuam o desmatamento, as chaminés das fábricas e o escapamento dos veículos poluindo a atmosfera, os agrotóxicos continuam matando a mãe terra, o dinheiro continua mais importante que a vida humana.

A Palavra

No Evangelho de hoje, vão contar a Jesus o massacre dos galileus, ordenado por Pilatos. A reação de Jesus não é de criticar os galileus que, com a desculpa de oferecer sacrifícios planejavam um ato de terrorismo, nem é de condenar Pilatos, que mandou matar todos eles.

Jesus não vê os acontecimentos pela superfície. As tragédias não são castigo de Deus, não significam que as vítimas fossem piores. Tudo o que acontece tem causas, e bem profundas. Todo acontecimento dolorido tem sua última raiz no pecado, o egoísmo, a ganância e a vaidade humanas.

Os acontecimentos de qualquer espécie são apelos de Deus para que a gente mude de mentalidade e maneira de agir. Na Primeira Leitura de hoje, Moisés, que havia fugido da perseguição do Faraó, tem um encontro com o Deus dos hebreus. Ele tentou defender seus irmãos hebreus, mas, perseguido, teve de fugir. Agora deve voltar ao Egito, enfrentar o Faraó e libertar seu povo.

Nosso Deus é um Deus histórico, que acompanha os acontecimentos, que estava no passado com o povo, está agora e estará no futuro. Ele vê a opressão, escuta o clamor do oprimido, toma conhecimento de sua situação e desce para libertá-lo.

Ser, estar e acontecer na língua hebraica é a mesma palavra. O nome Javé é interpretado como “Aquele que é”, Aquele que está junto, Aquele que acontece na libertação do povo.

O Mistério

A celebração da Eucaristia não é fazer um passe de mágica, é comemorar, atualizando, um acontecimento, um fato histórico, uma tragédia humana que abre o horizonte da salvação. O que Jesus fez naquela ceia derradeira foi assumir coerentemente a morte maldita de cruz. Foi servir sem medo. Foi fazer aquilo que nosso egoísmo se recusa a fazer, tomar o último lugar e sacrificar tudo pelo outro.

Padre José Luiz Gonzaga do Prado (86 anos), mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico em Roma. Atuou em trabalhos de tradução nos Evangelhos de Marcos e de Mateus para as Bíblias Pastoral, da CNBB, Nova Bíblia Pastoral e revisão da Bíblia na Linguagem de hoje.