Por Leandro Cesar
A Igreja Católica ensina na sua Sagrada Tradição que, com o sim de Maria após o anúncio do anjo Gabriel (Lc 1,26-38), naquele momento o Verbo de Deus se fez carne e habitou entre nós. O Credo niceno-constantinopolitano afirma: “E por nós, homens, e para nossa salvação, desceu dos céus e se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem”. Como compreender melhor esse mistério? Por que o Verbo se fez carne?
O Magistério da Igreja ensina que o Verbo se fez carne para salvar-nos, reconciliando-nos com Deus; se fez carne para que, assim, conhecêssemos o amor de Deus; para ser nosso modelo de santidade e para nos tornar participantes da natureza divina (cf. CIC 457-460).
A Igreja denomina “Encarnação” o fato de Jesus, o Filho de Deus, ter assumido uma natureza humana para realizar nela a nossa salvação (cf. CIC 461). A carta de São Paulo aos Filipenses possui um hino que canta esse mistério:
Tende em vós o mesmo sentimento de Cristo Jesus: Ele tinha a condição divina, e não considerou o ser igual a Deus como algo a que se apegar ciosamente. Mas esvaziou-se a si mesmo, e assumiu a condição de servo, tomando a semelhança humana. E, achado em figura de homem, humilhou-se e foi obediente até a morte, e morte de cruz! (Fl 2,5-8).
No alto da cruz, despojou-se de tal maneira que não poupou sua própria mãe, entregando-a para ser nossa mãe na ordem da salvação (cf. Jo 19,25-27). Dessa forma, encarnação e cruz se unem no mistério da redenção do gênero humano. A maternidade virginal de Maria no desígnio de Deus toca “tanto a pessoa e a missão redentora de Cristo quanto acolhimento desta missão por Maria em favor de todos os homens” (CIC 502). Na maternidade virginal de Maria ocorre a união da natureza humana e da natureza divina do Filho de Deus. Nessa união cada pessoa em particular encontra a razão última de sua existência que consiste em se tornar uma com Cristo, nosso Deus e Senhor. Nesse sentido, a Igreja ensina que “Jesus, o Novo Adão, inaugura por sua concepção virginal o novo nascimento dos filhos de adoção no Espírito Santo pela fé” (CIC 505).
O que fazer diante de tão grande mistério? O papa São João Paulo II nos ensina o caminho ao dizer: “Abri as portas a Cristo! Não temais, não tenhais medo. Escancarai o vosso coração ao Amor de Deus”.
Leandro Cesar Bernardes Pereira. Mestre em Teologia, Bacharel em Teologia pela Faculdade de Ciências Bíblicas e Arqueologia, Jerusalém – Israel, licenciado em Filosofia, Psicólogo, especialista em Neuropsicologia e em Neurociências e Comportamento.