Por Padre José Luiz Gonzaga do Prado
Os textos bíblicos deste domingo:
1a. Leitura (At 5,27b-32.40b-41) O medroso Pedro diante da jovem empregada do Sumo Sacerdote enfrenta agora o próprio Sumo Sacerdote. É o testemunho da ressurreição, a certeza de que Jesus está vivo.
Salmo (30 [29],2-6.11-13) Cantamos o Salmo pensando na ressurreição de Jesus.
2a. Leitura (Ap 5,11-14) Na visão do Apocalipse, céus e terra dão louvores ao cordeiro imolado e de pé, Jesus morto e ressuscitado.
3a. L. Evangelho (Jo 21,1-19) O episódio evangélico que vamos ouvir é cheio de incoerências narrativas, mas recheado de simbolismos. No centro está a figura de Pedro.
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HOMILIA
A Realidade
Na história da Igreja tivemos Papas que só deram maus exemplos, só pensaram em poder e foram iguais, se não piores, a muitos tiranos da história. Hoje temos o Papa Francisco, que, já pelo nome, mostra o rumo que deve seguir a Igreja de Jesus Cristo: Pobre e a serviço dos pobres. Ele vem mostrando, mais pelo exemplo do que pelas palavras, o que é ser verdadeiro discípulo de Jesus, o que é amar do jeito que ele amou.
A Palavra
Na primeira leitura o medroso Pedro enfrenta agora o próprio Sumo Sacerdote cuja jovem empregada o fizera negar Jesus. É seu mais forte testemunho da ressurreição, da certeza de que Jesus está vivo, a vida venceu a morte.
Na visão do Apocalipse (2ª. Leit.), céus e terra dão louvores ao cordeiro imolado e de pé, Jesus morto e ressuscitado, único capaz de abrir e ler o livro da História.
O episódio evangélico que vamos ouvir é cheio de incoerências narrativas, mas recheado de simbolismos. No centro está a figura de Pedro. Ele toma a iniciativa de ir pescar, ele se veste e pula no mar, ele traz a Jesus a rede cheia de peixes, ele diz três vezes amar Jesus, ele recebe a missão de alimentar os cordeiros, os pequenos, e guiar as ovelhas, os discípulos adultos.
Passam a noite pelejando e nada pescam. Ao clarear do dia, seguem o palpite de um desconhecido que está na praia e a pesca é abundante. É o Senhor! Pedro veste a camisa de discípulo e se joga no mar, símbolo da morte. Está pronto a morrer com ele em favor dos outros.
A rede que seis não tiveram força para tirar da água, Pedro sozinho tira e, sem que ela se arrebente, a leva até Jesus. Em suas mãos estão todas as comunidades cristãs, pequenas e grandes, e a rede não se arrebenta.
Quando Jesus lhe pergunta se ele o ama e lhe confia seu rebanho, tudo já tinha sido dito na linguagem das metáforas.
O Mistério
“Anunciamos a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição”. A Missa celebra a morte-ressurreição que lê e interpreta o livro da história escrito por dentro e por fora. Nela devemos aprender a vestir a camisa de discípulos e pular no mar, estar prontos a amar até a morte. Não basta repetir os gestos com que Jesus se entregou à morte em favor dos inimigos gratuiros, os pecadores, é preciso repetir sua atitude. Só assim construímos a Igreja.
Padre José Luiz Gonzaga do Prado (86 anos), mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico em Roma. Atuou em trabalhos de tradução nos Evangelhos de Marcos e de Mateus para as Bíblias Pastoral, da CNBB, Nova Bíblia Pastoral e revisão da Bíblia na Linguagem de hoje.