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DÉCIMO SEGUNDO DOMINGO COMUM

Jesus-ensinando-1

Por Padre José Luiz Gonzaga do Prado

Os textos bíblicos deste domingo:

1a. Leitura (Zc 12,10-11; 13,1) As palavras do Profeta Zacarias que vamos ouvir são misteriosas. Falam de alguém ferido ou trespassado, falam do choro por ele, do arrependimento e de uma nova fonte, cuja água lava pecados e impurezas.

Salmo (63 [62] 2-6.8-9) O Salmo é oração de um sofredor que implora, espera e já recebeu a ajuda de Deus.

2a. Leitura (Gl 3,26-29) Paulo falou da Antiga Lei como preparação para a fé ou compromisso com Jesus Cristo. Agora fala daquilo que a fé nos traz e que o batismo significa.

3a. L. Evangelho (Lc 9,18-24) Pedro reconhece Jesus como Cristo, como Messias. Mas que tipo de Messias é Jesus? Será que ele traz para a humanidade alguma coisa nova, um jeito de ser e de pensar diferente?

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HOMILIA

A Realidade

            Certa vez, perguntei a uma pessoa simples do nosso interior, adulto sem a primeira comunhão, se já tinha ouvido falar em Jesus Cristo. Respondeu: – Umas duas vezes por ano mais ou menos. Mas eu sou muito devoto de Nossa Senhora Aparecida…

Muitas vezes o ex-católico que se tornou crente costuma dizer que “encontrou Jesus Cristo”. Que significa isso? Na Igreja católica certamente nada sabia dele. Ou não?

Mas, mesmo em nossos meios mais “esclarecidos”, o que é que se costuma dizer ou pensar de Jesus Cristo? É um poderoso curandeiro? É um poderoso total e um “amigão”, capaz de resolver todos os meus problemas? Ele nos salva com o seu poder, com sua força? Ou com sua fraqueza e sua humilhação, assumidas com coerência?

A Palavra

Temos neste domingo a profissão de fé de Pedro no Evangelho segundo Lucas (Lc 9, 18-24). Não se fala em que lugar, mas Jesus está em oração. Depois que Pedro afirma que ele é o Messias de Deus, Jesus passa a falar da paixão e Pedro não o repreende como faz em Marcos e em Mateus.

Jesus se apresenta em seguida como Messias sofredor, humilhado pelas autoridades civis e religiosas de seu povo, morto, porém ressuscitado. Na ressurreição Deus confirma que a cruz era mesmo o caminho da vida, que o ferido e trespassado (1a. Leitura) é a fonte que lava os pecados da humanidade.

Quem quiser segui-lo, que siga, Jesus continua falando: Deixe tudo o mais para trás e tome o caminho da cruz, porque os caminhos do sucesso, do prestígio, da fama, do poder, não levam para a vida.

O Mistério

Às crianças que iam fazer sua primeira comunhão eu explicava o significado do gesto de Jesus na última ceia: partiu o pão, um pedaço para cada um, dizendo que aquele pão partido e repartido era seu corpo, era ele. E eu perguntava, em seguida: “Vocês têm coragem de deixar-lhes tirar pedaços?” Seus rostinhos todos diziam que não. Eu questionava: “Por que, então, querem comungar?” Ficava no ar certo impasse. Numa dessas, um menino respondeu-me: “Por isso mesmo!”

Estava totalmente certo. Anunciamos a morte do Senhor e proclamamos a sua ressurreição não por outro motivo que não seja buscar nele a força para fazermos o mesmo que ele fez naquela ceia derradeira: entregar a própria vida para que todos pudessem ter a Vida.

 

Padre José Luiz Gonzaga do Prado (86 anos), mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico em Roma. Atuou em trabalhos de tradução nos Evangelhos de Marcos e de Mateus para as Bíblias Pastoral, da CNBB, Nova Bíblia Pastoral e revisão da Bíblia na Linguagem de hoje.