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DÉCIMO QUINTO DOMINGO COMUM

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Por Padre José Luiz Gonzaga do Prado

Os textos bíblicos deste domingo:

1a. Leitura (Dt 30,10-14) Será complicado demais, muito difícil, seguir a Lei de Deus? Vamos ouvir o que nos diz a Primeira Leitura.

Salmo (69 [68], 14.17.30-31.33-34.36ab.37) No Salmo, a oração de um sofredor que já agradece, porque Deus se lembrou do seu povo.

2a. Leitura (Cl 1,15-20) O poema que encontramos na Carta aos Colossenses exalta Jesus como presença de Deus no mundo. Mas diz que foi na cruz que ele salvou a humanidade e o universo.

3a. L. Evangelho (Lc 10,25-37) No Evangelho Jesus responde à pergunta do Escriba com uma parábola. Fala de dois que se desviam do ser humano roubado e caído à beira do caminho e fala de um que lhe presta socorro. Por que Jesus terá escolhido exatamente esses personagens?

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HOMILIA

A Realidade

Amigo meu comenta o que lê: “A nossa Igreja está muito preocupada consigo mesma e se esquece de olhar para o mundo”. Acontece. Os assuntos predominantes nos meios cristãos são questões internas, doutrinas, leis ou rituais litúrgicos, nunca os problemas da humanidade como a fome e a miséria em tantos países, o sofrimento dos milhões de refugiados, a migração em busca de trabalho e sobrevivência, a violência dos assaltos a mão armada e dos golpes da especulação financeira, que empobrecem uma nação da noite para o dia.

Olhamos para os nossos pequeninos e até imaginários problemas e não vemos a humanidade sofredora, a quem deveríamos acudir.

A Palavra

Um Escriba ou Mestre da Lei de Deus faz a Jesus uma pergunta de caráter religioso prático: Que devo fazer para ganhar a Vida? A resposta é simples: Praticar o amor ao próximo. Como diz a primeira Leitura, a Palavra está ao alcance da mão.

Aí, a pergunta que complica: Quem é próximo ou companheiro? Só os do meu grupo? Outros também?

Jesus responde com uma parábola, uma estória inventada, os personagens escolhidos por ele! “Homem roubado, quase morto, caído à beira do caminho” que melhor definição para a humanidade sofredora? O sacerdote e o levita “que desciam: voltavam para casa após temporada de serviço no Templo, preocupados com as leis de pureza (ficava impuro quem tocava em cadáver), fazem de conta que não veem. Quem socorre com carinho é o samaritano, o inimigo, o excomungado, o herege.

Quando Jesus pergunta quem foi próximo ou companheiro, o Escriba tem escrúpulo de dizer “o samaritano”, diz “Aquele que socorreu”. “Vai tu e faze o mesmo!” é a resposta final à pergunta inicial.

O Mistério

“Eis o Cordeiro que tira o pecado do mundo!” O pecado é cada um se achar um deus, superior a todos e dono de tudo. Isso deixa grande parte da humanidade roubada, às portas da morte e caída à margem do caminho. O primeiro mandamento do mundo é a competição, que rouba, aniquila e exclui.

Na Eucaristia celebramos a solidariedade, o amor que apeia, que se abaixa, cura, cuida e reanima. Celebramos Jesus que se entrega à humilhação, à exclusão e à morte, deixando-se partir em pedaços para que todos aprendam a olhar para o caído, não para a própria pureza, aprendam a partilhar em vez de roubar, a curar em vez de massacrar.

 

Padre José Luiz Gonzaga do Prado (86 anos), mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico em Roma. Atuou em trabalhos de tradução nos Evangelhos de Marcos e de Mateus para as Bíblias Pastoral, da CNBB, Nova Bíblia Pastoral e revisão da Bíblia na Linguagem de hoje.