SEGUNDO DOMINGO DO ADVENTO
Os textos bíblicos deste domingo:
1a. Leitura (Is 40,1-5.9-11) O poema celebra a alegria da volta do cativeiro. Hoje essas palavras nos ajudam a celebrar a vinda de Jesus, anunciada por João Batista, com toda a esperança que ela nos traz.
Salmo (85 [84], 9ab-14) O Salmo celebra a volta do cativeiro e nós cantamos a esperança da vinda de Jesus.
2a. Leitura (2Pd 3,8-14) Muitos já haviam desanimado de aguardar a segunda vinda do Senhor e até criticavam a esperança dos que acreditavam. A carta, escrita em nome de Pedro, vem trazer luz à discussão sobre a vinda final de Cristo.
3a. L. Evangelho (Mc 1,1-8) O Evangelho de Marcos é o começo da boa notícia que é ter Jesus como Messias. João Batista, com seu jeito de se vestir e de se alimentar, é um ponto de partida e um chamado.
HOMILIA
A Realidade ou a Palavra de Deus na vida
Para os meios de comunicação, preocupados apenas com a movimentação da economia, o Natal será bom ou ruim dependendo do quanto se vai gastar. Consumo maior, mais a economia se movimenta e a riqueza aumenta. Isso é o que lhes interessa. Se também, quanto mais circula, mais a riqueza se concentra, não importa. É preciso consumir para que ela circule.
Nós vamos celebrar a vinda de Jesus. Como? Com comidas finas e roupas elegantes? Como preparar a vinda do Salvador? Ou o nosso mundo não precisa mudar, não precisa de Salvador?
A Palavra de Deus na Escritura
O início do Evangelho ou começo da Boa Notícia de Jesus como messias pode ser a figura de João Batista, a simplicidade de sua ação e de sua pregação. Ele vem preparar o caminho do Senhor. O poema do Segundo Isaías que ouvimos na Primeira Leitura celebra a volta do cativeiro da Babilônia. Os caminhos a serem preparados no deserto, são os caminhos da liberdade, da dignidade e da paz.
A ação de João Batista é levar as pessoas a reconhecer seus pecados e a passar pelas águas do rio como sinal de vida nova. Sua pregação é simples, é a metanoia: meta, mudança, noia, de cabeça, de maneira de pensar, de mentalidade. A única coisa necessária para preparar a vinda do Senhor é essa mudança.
A figura de João Batista é pregação viva e atualíssima. Se hoje nos deixamos levar quase que irresistivelmente pelo consumismo, João aparece vestido do mais rústico tecido, a lã de camelo, e alimentando-se do que é o extremo oposto de muitas das nossas ceias de Natal.
O Mistério
A Eucaristia não celebra o consumismo que discrimina e separa os que nada têm daqueles que têm em abundância. Celebra a partilha do Pão da igualdade. Nosso pão sem fermento, nossas hóstias de hoje, empobreceram muito o simbolismo da mesa comum.
Mas também a pobreza dos símbolos nos aponta para a pobreza pregada pelo Batista.
A Missa não é um espetáculo, não pode pretender ser um espetáculo. É e deve ser na sua singeleza um apelo à metanoia, à mudança de mentalidade, a tirar da cabeça as ideias de consumismo, que levam diretamente à de competição.
É a partilha de si que faz que a salvação chegue ao nosso mundo. Aqui fazemos o mesmo que ele fez naquela Ceia derradeira.
POR PADRE JOSÉ LUIZ GONZAGA DO PRADO