“Ninguém melhor do que vós, artistas, construtores geniais de beleza, pode intuir algo daquele pathos com que Deus, na aurora da criação, contemplou a obra das suas mãos” (São João Paulo II). Frase melhor ou expressão mais assertiva não há para descrever a experiência de um artista com a mística. O santo dos artistas entendeu em si a experiência de fé com que nós, amantes das grandes epifanias da beleza temos ao fazermos arte.
A arte pode mudar vidas, pode trazer alguém mergulhado em uma sombra fria, para uma luz quente e vívida. Todos aqueles que têm, como é popularmente dito, “uma veia artística”, se depara com uma realidade muito intensa, na qual tudo é muito mais sensível ao ser deste.
Podemos aqui, traçar um paralelo entre a mística e essa “sensibilidade artística”, principalmente para aqueles que estão abertos à ação do Espírito Santo. Diferentemente de uma fé sentimental, a experiência sensível do Criador, é estar totalmente entregue a inspiração, a ação, que parte Dele e é inteiramente internalizada em nosso ser.
Pegamos, por exemplo, um dançarino que está parado em um palco escuro, de repente se inicia a música, mas ele não sabe a coreografia, somente sente aquele ritmo cada vez mais intenso em seu corpo, ao ponto de não se segurar e começar a traçar passos, através dos quais o seu coração e mente, em obediência àquela melodia, estimulam seu corpo todo. O palco escuro aqui é a nossa vida, nós somos este dançarino, a música é o Espírito Santo e a coreografia é o nosso louvor a Deus, inspirada pelo seu Espírito que em nosso ser integral (corpo e alma) se expressa a Deus.
A psicologia da Arte diz que música, dança, teatro ou mesmo aquele quadro que apreciamos, de alguma forma, afeta nossos sentidos e causa em nós algum tipo de impacto, mesmo que imperceptível.
A arte evangelizadora traz o Evangelho a nós, nos inunda e transporta para dentro dele, fazendo com que não sejamos somente ouvintes, mas espectadores, figurantes, coadjuvantes, mas, os protagonistas. O mesmo Espírito que inspirou o coração dos evangelistas, inspira agora também os artistas, envolve o público e transforma o coração de cada um que se deixa envolver em sua melodia.
Peçamos ao Espírito Criador que venha nossa mente visitar e inundar nossos corações, fazendo-nos transcender com o que é Belo e dando-nos a graça de ser os instrumentos de sua arte criadora.
Gabriel Ortiz
Gabriel Carvalho, bacharel em Filosofia (Faculdade Dehoninana-Taubaté), formação em logoterapia (Seminário Dehoniano), graduando em pedagogia (Unopar), Diretor, produtor e ator da Cia de Artes Atores da fé.