Não é estranho que a padroeira da televisão tenha vivido quase 800 anos antes da tecnologia que possibilitou a invenção do televisor?
Os estudos que possibilitariam a transmissão de imagens de um lugar a outro começaram com a descoberta do Selênio, em 1817. No entanto, foi só em fevereiro de 1924 que John Baird construiu um sistema de televisão viável e fez a primeira transmissão de imagem.
Praticamente 100 anos depois, Baird ficaria assombrado com os modelos mais modernos de telas. Você se lembra do primeiro comercial de lançamento das telas planas no Brasil? Ao toque da campainha, abria-se uma porta com trava de segurança que permitia uma fresta de poucos centímetros, e o entregador passava por ali o novo televisor adquirido. Era o fim das TVs de tubo e de todo o mobiliário que lhe servia de suporte. Daí em diante, entramos na era das telas, e hoje elas estão em quase todos os cômodos das casas, em comércios, terminais de passageiros e até mesmo em pontos de ônibus. Cada vez mais finas, as telas tornaram-se curvas, flexíveis e, num futuro bem próximo, poderemos enrolar nossos laptops e nossos televisores como um pergaminho, e guardar na bolsa, ou simplesmente colar nas vidraças de nossas casas uma tela, como um adesivo.
Mas, voltemos à provocação inicial: Como pode a padroeira da televisão ser uma mulher que viveu no século XIII? Santa Clara, a primeira mulher a seguir o estilo de vida de São Francisco de Assis, é chamada de Dama Pobre. Viveu a radicalidade da pobreza evangélica e passou a vida toda fechada num convento. Por mais que seu desejo fosse sair pelo mundo anunciando que “o Amor não é amado”, como fez Francisco, nunca saiu do pequeno convento de São Damião, na cidade de Assis, na Itália.
Conta a história que, no fim da vida, Clara encontrava-se muito doente. Deitada no chão, num canto do quarto de pedra, sofria por não poder se levantar para ir à Missa. As irmãs a deixaram lá, dizendo que rezariam aquela missa em sua intenção. A Santa, colocando-se em profunda oração no momento em que a missa era rezada na capela do convento, começou a ver a missa como se projetada na parede de seu quarto. Assistiu a toda a missa, com uma riqueza de detalhes surpreendente. Quando as irmãs retornaram e começaram a conversar com Clara, ela lhes contou tudo sobre a missa, as palavras do padre e até o lugar onde cada irmã havia sentado. Surpresas com o relato de Clara, louvaram e agradeceram a Deus por esse milagre.
Por esse fato, Santa Clara de Assis é considerada a padroeira da televisão e de todos aqueles que trabalham com a produção de TV.
Aqui quero fazer um paralelo curioso: a imagem que fez de Santa Clara a padroeira da Televisão foi a “transmissão” de uma missa. O Katholika Channel nasceu da transmissão de uma missa. Que Santa Clara interceda pelo Katholika, por todos aqueles que produzem televisão para a propagação do evangelho e dos valores cristãos, e que também interceda por todos os profissionais de TV para que reconheçam sua participação na criatividade divina, levando arte, beleza e entretenimento.
Por Richard Oliveira