André Leite é um dos principais cantores de rock cristão do Brasil. Conhecido por seu carisma e identidade, conta com mais de 20 anos de carreira, com bandas de música secular e cristã. Em 2015 retomou as atividades com sua antiga banda de rock cristã chamada Id2 (Igualdade Dois). Atualmente, segue em carreira solo, com um estilo de rock abrangente para diversos tipos de públicos.
Querendo saber um pouco mais sobre sua missão, sua perspectiva dentro da música católica e sobre suas composições, o Katholika conversou com André Leite. Acompanhe a entrevista.
KATHOLIKA: A inspiração para suas músicas refletem sua relação com Deus. Como nascem suas composições?
Minhas músicas nascem do que eu sou. A origem é a palavra de Deus, mas são a tradução das minhas experiências, das minhas tentativas, conectadas ao evangelho, que me inspiram. Essa é a minha arte. A grande busca que eu tenho em minha vida como cantor católico é ser verdadeiro, nada mais do que isso. É ser verdadeiro, no sentido de transmitir as pessoas o que eu tenho de dor, o que eu não tenho de virtudes e o que eu busco em Jesus. É um diálogo sincero.
KATHOLIKA: O que o ministério da música significa para você?
O ministério de música significa para mim a salvação da minha alma. Porque é o que dá sentido ao meu existir, eu preciso me salvar e não vejo outro modo a não ser por aquilo que eu exerço, um exercício de fé em Deus e fé de que eu posso ser melhor, que eu posso continuar. Ter fé em Deus é ter fé em tudo que constitui o existir. E com a música, eu compartilho isso com as pessoas, e como isso me ajuda no processo de salvação, acredito que pode ajudar a todos também.
KATHOLIKA: Você acredita que o rock cristão precisa de mais espaço ou uma reformulação?
O Rock é um gênero musical e atraí as pessoas que possuem a mesma linguagem. Rock é um estilo de vida. Isso não é marketing, é real. Uma pessoa que gosta de rock geralmente lê mais livros, assiste mais filmes, ela se liga mais em assuntos de política, em assuntos humanistas, é uma pessoa mais sensível ao mesmo tempo em que é mais forte.
O rock é um tipo de música que eu considero, no cenário atual da música, quase que igual a música clássica. Dificilmente você vai ver alguém na periferia ouvindo música clássica, da mesma forma que dificilmente irá ver alguém ouvindo rock. Isso porque elas exigem um mínimo de senso crítico, é algo mais “erudito”, que exige sensibilidade. Eu acho que o rock não é popular e na Igreja não ia ser diferente.
Se o rock precisa de reformulação na Igreja, eu não sei. Acho que tem muitos que estão fazendo rock na Igreja aos moldes de 20 anos atrás. Talvez, até 30. Por outro lado, muitos outros têm feito muito bem.
Sobre oportunidade, a estrutura da música cristã é a mesma do mercado, porque afinal de contas, é preciso pagar uma grande estrutura, cumprir um projeto. Em um show, por exemplo, vão convidar o mais conhecido, e não dar oportunidade a uma pessoa que não é tão conhecida, só porque a pessoa possui um trabalho bom. Entre levar uma banda de rock, é preferível levar alguém que chame mais atenção.
Para o artista de rock, ele tem que ser verdadeiro, fazer música boa, música de oração, que sirva para missa e para um show, que evangelize, que leve Deus, na mensagem. Porque se a música for boa, ela pode ter uma guitarra pesada, um violino, um pandeiro, um piano, ela pode ter o que ela tiver, mas vai ser boa e vai chegar ao coração das pessoas.
Por isso, nunca tive medo de fazer rock, pois independentemente de ser roqueiro ou não, sempre me preocupei em fazer música verdadeira. Sou roqueiro porque nasci assim, é essência, é jeito de ser.
KATHOLIKA: como você enxerga o cenário musical religioso hoje?
Acho que o mercado religioso hoje está funcionando com a mesma realidade da música secular, no sentido comercial, porque precisa da mesma estrutura. Um bom clipe, um bom palco, um bom som e uma boa luz porque se trata de arte. Sendo cristã ou secular, arte é sempre arte e necessita de beleza. Por mais simples que ela seja, ela precisa de um carinho e de um cuidado. Em relação ao conteúdo do que está sendo criado, eu entendo que cada um faz aquilo que entende por sua verdade. O ponto que todas as ideias se encontram é quando estão falando de Deus. Agora, o nível de qualidade que isso está sendo feito, a sua verdade e sua relação com Deus, eu não tenho condições de julgar.
Esteticamente, eu poderia pontuar uma crítica. No desespero de dar certo, uma parte está buscando a mesma receitinha do bolo. A música assim fica chata por dois motivos: ou porque ela está muito focada no passado e não anda, ou porque o novo que surge é igual a tudo o que está aparecendo. Portanto, falta personalidade.
KATHOLIKA: O que podemos esperar do seu novo projeto solo?
Eu sempre fui eu mesmo. Tudo o que fiz na minha vida, tudo o que eu plantei, dirigi, produzi, sempre foi verdadeiro para o meu coração. A diferença quando eu tocava com a banda e o que eu vou fazer agora no meu projeto solo, é que agora vou tocar aquilo que nasce de mim completamente. A música foi toda composta por mim, foi eu que gravei, eu que produzi, eu que editei, eu que mixei, eu que masterizei. Então, ali está todo o meu suor, todo o meu sangue, toda a minha experiência, tudo o que eu chorei e o que eu sorri. O que as pessoas podem esperar de mim é o que elas sempre encontraram em mim: palavras e frases sem entrelinhas e diretas. Gosto de falar exatamente o que eu quero falar e a base de tudo é, como sempre foi, a Bíblia. Isso sou eu.
KATHOLIKA: O que você gostaria de deixar como mensagem aos leitores do Katholika e aos que acompanham seu trabalho?
A primeira coisa que quero dizer aos leitores é que eu me sinto extremamente grato e honrado por poder fazer parte da evangelização do Katholika. Eu presencio qualidade, respeito, verdade, beleza, características que eu sinto e me mostram claramente que fazem parte do seu trabalho de evangelização e transformação do mundo.
Eu amo falar essa frase “transformação do mundo”, porque Jesus transformou o mundo. Ele mudou tudo. É nele que se baseiam todas as mudanças que estão para acontecer, as mudanças que irão acontecer. Eu vejo o Katholika representando tudo isso, buscando colocar essas mudanças em prática, transformando o mundo.
Aos que acompanham esses meus trabalhos, seja pela leitura, pelas produções: parabéns a vocês! Porque vocês estão buscando aquilo que é bom para vida de vocês. A gente é aquilo que a gente lê, assiste, escuta e come. Aquilo que botamos para dentro. Provavelmente, os que acompanham esses trabalhos sabem o que estão buscando. O Katholika é isso, uma família, um projeto de Deus. Um beijo para vocês e obrigado pela oportunidade de estar aqui!
Gostou da nossa conversa com o André Leite? Veja um pouco mais do testemunho desse grande intérprete na sua participação do K Story