Pesquisar
Close this search box.

CARNAVAL É UMA FESTA DO PECADO?

venice-2092594_1920

Por Leandro Cesar

O Carnaval surgiu dentro da Igreja medieval como uma festa popular na qual o diabo era apresentado como um “macaco de Deus”, uma espécie de bobo, louco, um palhaço malvado.

Nesse sentido, travessuras maliciosas ou engraçadas marcavam esse período. O tom dessas brincadeiras tinha, portanto, um baixo nível de inteligência inspirado em traços demoníacos como imprevisibilidade e mania de destruição. Esse período era vivenciado pelas massas com canto e dança na época do Ano-Novo, ou seja, nos dias que se seguiam ao Natal de Jesus Cristo

Não era uma festa instituída pela Igreja, mas um costume anticlerical que surgiu no meio do povo para enaltecer os demônios, conforme escreve Jung no livro “Os arquétipos e o inconsciente coletivo” . Fica a pergunta: Carnaval é uma festa do pecado?

Vejamos um pouco mais da história do carnaval para responder essa pergunta: a princípio era uma festa com tons infantis onde se escolhia uma criança que se fantasiava de bispo para ir à frente de uma grande balbúrdia até ao Palácio Episcopal. Da janela o Arcebispo dava uma benção episcopal a todos os participantes. Porém, por volta do século XII essa festa inocente se transformara em uma verdadeira festa de loucos (Festa Stultorum).

Conta-se que no ano de 1198 na Catedral de Notre Dame em Paris houve, além de profanações ao lugar sagrado, até mesmo derramamento de sangue. O Papa Inocêncio III na época se manifestou contra a festa, mas nada adiantou. Essa continuou-se agravando a ponto de a figura fantasiada de bispo ser mudada para a do papa dos loucos (factorum papa).

“No meio da Missa, pessoas fantasiadas com máscaras grotescas ou de mulher, de leões ou de atores apresentavam suas danças, cantavam no coro canções indecentes, comiam comidas gordurosas num canto do altar, ao lado do celebrante da Missa, jogavam ebenda, seu jogo de dados, incensavam com fumaça fedorenta, queimando o couro dos sapatos velhos e corriam e saltitavam por toda a Igreja”, etc. (Do mesmo livro de Jung).

 No início do século XVI várias decisões conciliares, de 1581-1585, proibiam essas cerimônias, mas em muitos lugares ela perdurou.

Mais uma vez fica a pergunta: Carnaval é uma festa do pecado?

Você deve se perguntar, talvez, sobre as semelhanças com nosso carnaval brasileiro. A história das últimas décadas mostra que no interior das igrejas essas celebrações deixaram há um bom tempo de existir, mas uma multidão cada vez mais numerosa a aderiu fora dela.

Assim como no início, predomina nesse período a exaltação dos instintos irracionais, os quais tendem a se opor agora não somente ao Bispo, ao Papa, mas inclusive à Cristo, pois facilmente se verifica o oposto do que ele ensinou nas ruas, nos clubes, etc.

Marcadamente os fatos narrados mostram que o Carnaval é uma cerimonia pagã, anticristã, pois os mandamentos de Deus tendem a ser negados em sua raiz.

Santo Tomás de Aquino ensina na Suma Teológica que o pecado obscurece a razão impulsionando-nos a atos contrários à racionalidade. A racionalidade humana obscurecida, contraria os mandamentos de Deus.

O apóstolo João escreveu: “Quem diz: ‘Eu conheço a Deus’, mas não observa os seus mandamentos, é mentiroso, e a verdade não está nele. Naquele, porém, que guarda a sua palavra, o amor de Deus é plenamente realizado” (1 Jo 2,4-5).

Concluindo, a partir do que foi escrito, fica a pergunta: O Carnaval é a festa do pecado?

“Quem tem ouvidos para ouvir, ouça” (Lc 8,13).

Leandro Cesar Bernardes Pereira. Mestre em Teologia, Bacharel em Teologia pela Faculdade de Ciências Bíblicas e Arqueologia, Jerusalém – Israel, licenciado em Filosofia, Psicólogo, especialista em Neuropsicologia e em Neurociências e Comportamento.