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CRUZ: HUMILHAÇÃO OU EXALTAÇÃO

Site Katholika

A realidade da morte de Jesus na cruz desperta nos cristãos uma dupla reação: o espanto pela dolorosa humilhação, e a alegria pela imensa doação e salvação.

A punição de morte na cruz para os romanos era a pior de todas. Jesus não foi o único crucificado e, para a época, era comum encontrar, na entrada das grandes cidades do império, corpos de malfeitores crucificados, expostos para ser sinal de repressão à insurreição contra o império.

Mas, por que a morte de Jesus na cruz transformou o que era sinal de morte e humilhação num sinal de esperança e exaltação?

Desde o início do cristianismo, a representação da morte de Jesus e sua humilhação foi associada e iluminada pelos textos do profeta Isaías, ao falar do Servo Sofredor.

Não tinha beleza nem atrativo para o olharmos, não tinha aparência que nos agradasse. Era desprezado como o último dos mortais, homem coberto de dores, cheio de sofrimentos; passando por ele, tapávamos o rosto; tão desprezível era, não fazíamos caso dele (Is 53, 2).

Faltava-lhe aparência agradável, foi escarnecido. Aquele que era seguido como um poderoso salvador, de palavras fortes e toque milagroso, passou a ser evitado e ridicularizado. O Salmo 30 ajuda a ilustrar ainda mais a humilhação de Jesus:

Tornei-me o opróbrio do inimigo, o desprezo e zombaria dos vizinhos, e objeto de pavor para os amigos; fogem de mim os que me veem pela rua. Os corações me esqueceram como um morto, e tornei-me como um vaso espedaçado (Sl 30).

Padeceu, sofreu, morreu. Mas, pelo poder de Deus, ressuscitou. Nisto consiste a exaltação da cruz: nela a morte não prevaleceu, mas perdeu sua força. A aparente fraqueza, que inicialmente gerou a sensação de perda e entrega, foi substituída pela gloriosa ressureição, capaz de mostrar como a vida ultrapassa a morte e a supera.

O que significa, então, a morte, a humilhação e a cruz? É o sinal de coerência. O teólogo Afonso Garcia Rúbio diz que havia duas opções diante da proposta do Reino de Deus: um SIM absoluto ou um NÃO radical. Sabemos, por conhecer a história, que a segunda opção foi a que prevaleceu.

A cruz é sinal da rejeição da proposta de Jesus e foi assumida por Ele como forma de manter-se coerente até o fim.  Ela seria uma humilhação se fosse o ponto final da história de Jesus e se Ele fosse obrigado a morrer e permanecer no sepulcro apenas como um agitador social.

Mas, a cruz é exaltação porque potencializou a verdade que Jesus anunciava: a vida em abundância, que não depende das situações materiais e específicas, mas de uma decisão livre que independe de condições contrárias.

Jesus foi exaltado mesmo quando humilhado, pois ali, naquele momento de extrema agonia, estava inteiro, coerente com a Verdade que anunciou, entregando-se na certeza de estar sofrendo pela Verdade e não por uma mentira ou ilusão.

Ao olhar a Cruz de Cristo, pensemos que, neste sinal de exaltação, de vida e esperança, vemos projetada também a nossa vida. Apesar de todas as nossas lutas e sofrimentos do dia-a-dia, carregamos no peito uma cruz, marcados  pela vida nova que Jesus nos dá por sua cruz e ressurreição.

Redação Katholika