Por Wilson Torres
Quando a gente é moleque, tocar em nome de mãe é um assunto delicado. É só soco e pedrada para defendermos, incontestes, as nossas senhoras. É também abundante o repertório de frases feitas para nos referir às mães. “Mãe, só tem uma”; “mães são anjos encarnados”; “Ser mãe é padecer no paraíso”; “O mais próximo que podemos chegar do rosto de Deus é vê-Lo através do rosto de uma mãe”.
Diariamente, contudo, sem que talvez percebamos, substituímos a estampa de Deus por reflexos deturpados. Somos ingratos para o olhar que nos busca, preferimos a cegueira do conformismo.
As ideologias nefastas têm amputado a sacralidade que a mulher ostenta desde o ventre. Nenhum ser na natureza é mais sagrado do que a mulher. O poder de gerar, outorgado por Deus, confere à mulher um plus sobre seu par masculino. E muitas mulheres, tangidas por uma vertente política atroz, têm celebrado esfuziantes as leis abortíferas promulgadas. E disso também têm culpa os moços metidos a príncipes encantados de meia-tigela, quando deveriam se portar como Josés castíssimos.
Mas, não falemos nisso. Falemos de Santa Mônica, rezando incansável pela conversão de seu filho Agostinho. Falemos de Santa Isabel, grávida de João Batista, surpresa pela visita da Mãe de Seu Senhor.
Recentemente, o pesquisador brasileiro Átila Soares da Costa Filho recriou o que seria o rosto de Maria, mãe de Nosso Senhor. A foto resultante de seu projeto ganhou notoriedade, uma vez que Maria, segundo o cientista, era dotada de uma incalculável beleza alegre, jovial e pura. Poderia ser sua irmã. Poderia ser aquela sua pretendente do segundo colegial. Poderia ser minha mãe, que se casou aos 18 anos.
A beleza de uma mãe não se mede, contudo, pela ondulação do cabelo, o contorno do queixo, nem pelo perfume que seus olhos parecem exalar. É em seu avesso que o mistério habita. E não me venham com artimanhas científicas, restringindo o maior milagre à confluência de um espermatozóide com um óvulo.
Minha mãe foi tão linda quando se viu divorciada e tendo de trabalhar em três períodos para sustentar seus dois filhos. Foi tão linda, enquanto, tal Santa Mônica, rezava, por cerca de 36 anos, pela conversão de seu filho mais velho. Minha mãe é tão linda e tão única como cada uma das mães com M maiúsculo.
A Mãe é a primeira catequista. Em Bodas de Caná da Galileia, é ela que leva o filho a inaugurar sua infinidade de milagres. Já reparou que Jesus converte seis talhas de água em vinho? Por que não sete, número perfeito na Bíblia? Por que não dez, doze, também números sagrados? Foram seis talhas, para que a sétima sejamos você, e você, e você… e eu, a mudar, pela intercessão da Mãe Querida, as nossas vidas da água para o vinho. Só precisamos permitir que ela nos diga: “Façam tudo o que Ele (Jesus) lhes disser”.