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“O MUNDO TEM SAUDADES DE TI, FRANCISCO!”

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São João Paulo II, quando visitou o Monte Alverne, em Assis, na Itália, lugar em que São Francisco teria recebido os estigmas do crucificado, disse: “O mundo tem saudades de ti, Francisco!”. A frase, mais do que uma poesia, foi, e ainda é, uma constatação.

Francisco de Bernardone, o jovem boêmio de Assis, era vocacionado à nobreza. Seu pai, famoso comerciante de tecidos da região, que hoje conhecemos como Toscana, não tinha sangue nobre, apesar de rico. O acesso à nobreza deveria ser conquistado e, a carreira militar com um troféu de “herói de guerra” para o filho seria o acesso fácil aos círculos de nobres.

O plano era bom, mas não funcionou. Na guerra de Perugia (1202), Francisco foi preso e, em um ano na prisão em condições subumanas, fez sua primeira experiência de Deus por meio de pequeno recorte do evangelho, escrito em sua língua.

Deus encontrou Francisco no porão do mundo, agora é Francisco que precisa passar pela mesma experiência.

Sem entender direito qual a transformação que estava sentindo em si, Francisco sai a procura de Deus. O que ele não imaginava era que, para fazer um verdadeiro encontro com Deus, ele precisaria mais uma vez descer ao porão do mundo, mas não o físico no qual estava.

Francisco encontra-se com Jesus num leproso. Ele beija as carnes podres daquele indigente, sem pensar que aquele beijo chacoalharia a Igreja e o mundo.

O resto da história é bem conhecida: o jovem despido diante da cidade para renunciar o direito à herança do pai; a pequena comunidade de maltrapilhos; a amiga Clara; o beijo do Papa Inocêncio III nos pés daquele mendigo de Assis; “vai e reconstrói a minha igreja” nas ruinas de São Damião.

800 anos depois, a saudosa queixa de João Paulo II parece plena de verdade e muito atual. Por que o mundo tem saudades de Francisco? Ou, o que o mundo se tornou para que fosse necessário olhar novamente para o Santo de Assis?

O mundo tem saudade de Franciso porque “aqui na terra vamos mal vivendo – poema de Dom Helder Câmara – a cobiça é grande e o amor pequeno”.

O testemunho de São Francisco permanece com um sinal profético para esses tempos. Dom Albano Cavalin, Arcebispo de Londrina, PR, já falecido, dizia que hoje é maior o número de “Franciscos de Paris”, numa crítica aberta aos franciscanos que trazem a pobreza na aparência, mas não no interior.

Era escandalosa a pobreza de Francisco, o seu amor incondicional por todas as criaturas, de maneira preferencial o amor pelos mais pobres. Se no século XII o eco de sua voz – “O Amor não é amado” – desconcertou a Igreja e o mundo, hoje, essa mesma queixa podemos ouvir ecoar dentro e fora.

O mundo tem saudades de Francisco, mas, aquele único Francisco não voltará. O mundo carece de outros Franciscos, não os de Paris, mas os de Assis, homens e mulheres com a coragem de decidir-se firmemente por Cristo, literalmente.

Neste dia, 04 de outubro, dedicado a Francisco de Assis, rezemos juntos uma oração atribuída a ele:

“Tu és santo, Senhor Deus único, o que fazes maravilhas.

Tu és forte, Tu és grande, Tu és altíssimo,

Tu és rei omnipotente,

Tu, Pai santo, rei do céu e da terra!

Tu és trino e uno, Senhor Deus, todo o bem.

Tu és bom, todo o bem, o soberano bem,

Senhor Deus, vivo e verdadeiro!

Tu és caridade, amor! Tu és sabedoria!

Tu és humildade! Tu és paciência!

Tu és formosura! Tu és mansidão!

Tu és segurança! Tu és descanso!

Tu és gozo e alegria! Tu és a nossa esperança!

Tu és justiça e temperança! Tu és toda a nossa riqueza e saciedade!

Tu és beleza! Tu és mansidão!

Tu és o protetor! Tu és o nosso guarda e defensor!

Tu és fortaleza! Tu és consolação!

Tu és a nossa esperança! Tu és a nossa fé!

Tu és a nossa caridade! Tu és a nossa grande doçura.

Tu és a nossa vida eterna, o Senhor grande e admirável,

o Deus omnipotente, o misericordioso Salvador!”

Richard Oliveira

Richard Oliveira é formado em Filosofia pela Faculdade Católica de Pouso Alegre e cursando teologia na mesma Faculdade. É seminarista na Diocese de Guaxupé, MG. No Katholika é redator no portal, roteirista e diretor nas produções audiovisuais.