Por Richard Oliveira
Em 2007 escrevi um musical intitulado “Francisco”. Era a minha versão em forma de peça de teatro para a história do santo que marcou a minha vida em antes de Francisco e depois de Francisco.
Quando eu tinha 14 anos, ganhei o livro “O Irmão de Assis”, escrito por Inácio Larrañaga. O livro foi a resposta de um frei. Explico.
Eu ia quase todos os dias na missa das 18h15 na Basílica Nossa Senhora da Saúde, igreja do centro da cidade em que eu nasci, Poços de Caldas em Minas Gerais. Numa coluna da igreja tinha uma imagenzinha de um santo bem malvestido que me chamava a atenção. Era um São Francisco, representado bem maltrapilho. Alguém me disse que na cidade havia uma casa de freis, que eram seguidores de são Francisco. Fui até lá, imaginando encontrar homens maltrapilhos, mas não: o frei que me recebeu estava muito bem-vestido com roupas sociais. Ele até tentou me explicar, mas, com 14 anos eu não estava pronto para compreender qualquer radicalidade que não fosse aparente. Então ele me presenteou com o livro dizendo que ali eu encontraria um pouco do que buscava.
Devorei aquelas páginas e realmente me encontrei ali. Costumo dizer que essa foi uma das minhas grandes conversões. Francisco nunca mais me abandonou e posso dizer que também não o deixei. Vivi por 15 anos minha experiência de consagração em estilo franciscano e foi lá, na Toca de Assis, que escrevi o que considero o meu mais bem sucedido musical. Talvez não seja o mais conhecido, mas é o que mais tive prazer em escrever, montar, dirigir e assistir.
Eu espero montá-lo de novo, se encontrar alguns loucos que encarem a empreitada.
Quando deixei a Toca de Assis para seguir outro caminho, pensei que Francisco ficaria lá. Me enganei. Ele veio comigo. Entendi que minha identificação com ele é mais que institucional, é identificação espiritual e carismática.
O que aprendi com Francisco de Assis?
Listo três coisas:
- Viver uma vida simples é extremamente libertador. As vezes a gente se apega demais, não só a coisas, mas a ideias também. Uma pessoa pobre de espírito é aquela desapegada. Então não importa tanto ter ou não ter, mas como ter e como não ter.
- Jesus se esconde nos improváveis. Como é edificante a espiritualidade dos encontros improváveis. Ajuda a gente a estar sempre atento, pois Ele pode se revelar a qualquer momento. Francisco teve esse encontro no leproso. Não teve medo e foi além, abraçando-o e beijando-o. Quantos leprosos encontrei no meu caminho!
- Faça pouco, mas faça bem! Num mundo em que o ativismo é marca, fazer bem-feito, mesmo que seja pouco, é um ato profético. Meu bispo chama isso de “estar inteiro em cada coisa que se faz”.
Neste dia 04 de outubro celebramos São Francisco de Assis. Se quiser me dar a honra de sua audiência, compartilho aqui o musical “Francisco”.