Por Ir. Vinícius O.Cist
Caríssimos irmãos e irmãs, neste mês gostaria de compartilhar algo sobre a observância dos votos na vida monástica beneditina. Os votos são compromissos públicos assumidos pelos religiosos que configuram o seu estado de vida; são as obrigações que livremente o irmão ou a irmã decidem abraçar para fazer de sua vida uma verdadeira imitação de Cristo.
Além das obrigações próprias a todo cristão leigo, o religioso opta por viver os conselhos evangélicos e seguir, a partir deles, o verdadeiro caminho da perfeição cristã. Os referidos conselhos evangélicos são: pobreza, castidade e obediência; práticas que visam reproduzir em sua própria vida a realidade que Nosso Senhor Jesus Cristo se submeteu sendo, Ele mesmo, pobre, casto e obediente.
Podemos dizer que se tornou mais comum a profissão dos conselhos evangélicos, sobretudo no século XIII com a emergência das ordens mendicantes – Franciscanos e Dominicanos – pois até então os modelos de vida religiosa se pautavam quase que exclusivamente à vida monástica, a uma vida de renuncias e sacrifícios que visavam a plena união com Deus, tornando-se um com Ele.
São Bento ao redigir a Santa Regra, estabelece no capítulo 58 que trata sobre o acolhimento de novos irmãos à vida do mosteiro, que os candidatos deveriam fazer a promessa pública de três compromissos: estabilidade no mosteiro de profissão, obediência ao abade e conversão (ou conversação) dos costumes – votos esses que ainda hoje todas as famílias religiosas monásticas que seguem a Regra de São Bento (como meu caso dentro da Ordem Cisterciense) fazem.
Quais as diferenças entre esses dois modelos de profissão religiosa? Quer dizer que o monge não precisa ser pobre nem casto? A obediência é diferente? O que é a conversão (ou conversação) dos costumes?
À primeiro momento, é importante entendermos que seja pela promessa de viver os conselhos evangélicos, seja pela promessa de viver os votos monásticos, o religioso assume essa missão livremente para ser um outro Cristo, buscando assim ser luz no mundo e refulgir pela entrega se sua vida como um sinal profético da Vida Eterna, pois já disse Nosso Senhor que “quem perder a sua vida por causa de mim irá salvá-la” (Mt 16,25).
Irmão Vinícius O.Cist. (Vinicius Hernandes Barbosa) é formado como técnico em Administração de Empresas e graduado em Licenciatura em Matemática. É monge cisterciense da Abadia de Nossa Senhora da Santa Cruz em Itaporanga, SP.