Me desculpem o texto mais longo que o usual, mas quero abrir o coração. Sei que há pessoas que estão passando por situações muito parecidas. Estamos entrando no tempo de espera pelo Natal, festa da Encarnação de Jesus. Mas, eu me pergunto, às vezes, onde está Deus?
Sabe aqueles dias que todos os sentimentos se misturam e parece não sabermos o que estamos sentindo; parece que nada faz sentido? Então…
Há menos de uma semana, eu fui roubado. Eu estava em Minas Gerais numa missão e, ao chegar na rodoviária de São Paulo, fui surpreendido por três “caras” de bicicleta que, simplesmente, arrancaram o celular da minha mão.
Tentei chegar em casa o quanto antes para poder bloquear minhas contas e tomar as devidas providências. Consegui bloquear a conta do banco, porém não consegui acessar meu e-mail. Os ladrões haviam alterado a senha do meu e-mail pessoal, do icloud e desativado o “buscar” para que eu não pudesse rastrear o aparelho roubado.
Eu estava triste por ter sido roubado? Claro! E ainda faltavam 6 parcelas para pagar. Acontece que, posso conseguir outro aparelho, mas, por que os “caras” quiseram me prejudicar? Por que eles quiseram mudar as senhas? Até onde pode ir a maldade humana? Isso me fez refletir muito. Se todos nascemos bons, o que acontece no percurso que nos torna não “tão bons”?
Parece que tudo isso foi apenas o estopim para um monte de coisas e situações começarem a ganhar força e voz dentro de mim.
Sentia como que fragmentado, e cada parte desses cacos começavam a querer tomar proporções que ainda não haviam despetardo dentro de mim.
Paralelo a tudo isso, comecei a questionar muito meu Ministério. Eu comecei a lançar minhas canções a menos de um ano, mas bastou uma situação traumática para revirar toda uma certeza que eu achava que tinha dentro de mim.
O dinheiro que eu havia juntado com muito custo para gravar mais um single, agora estava sendo empregado na aquisição de outro aparelho de celular. É quase impossível ficar sem um nos dias de hoje. Ainda que, ficar sem um celular por estes dias, está fazendo eu acessar a realidades ainda não tocadas e desconhecidas dentro de mim.
Será que tentar a vida em São Paulo depois de tanto tempo em serviço voluntário numa nova comunidade era o melhor a se fazer? O custo de vida não é mais alto em SP do que no interior de Goiás? Por que São Paulo? Será que realmente é um lugar estratégico? Cadê as convicções que eu trazia tão claras e certas dentro de mim?
Nesses dias fui dormir chorando. Parece que um buraco estava abrindo em meu peito. Eu conheci a família do meu pai a pouco tempo e, uma das pessoas que me acolheu, a minha tia avó, não estava bem de saúde em decorrência de umas complicações da COVID-19. Eu sentia que algo não estava certo e, infelizmente, recebi a notícia no dia seguinte, pelo Instagram, que minha tia havia feito sua Páscoa.
Minha tia não tinha a obrigação de me acolher e de me amar como fez. Ela não sabia nada sobre mim. Nos conhecemos quando eu já tinha meus 30 anos. Mas, ela me amou e amou muito.
E em meio a tudo isso eu me pergunto: Onde está Deus?! Em silêncio?! Por que Ele permitiu tudo isso?! O que Ele quer me dizer ou me ensinar? Por que essa semana desse jeito?!
De repente eu me lembro: estamos no tempo do Advento. Tempo de espera! Jesus está próximo! Mas, por que se esconder? Às vezes, até parece que Ele quer brincar de “esconde-esconde”. Talvez seja porque assim, Ele confunde os que acham que estão ganhando, pois na verdade Ele está ao lado dos que estão perdendo.
A matemática na lógica divina é muito maluca: perder nem sempre significa prejuízo, em certas ocasiões, inclusive, o perder é ganhar.
Acredito que no decorrer da nossa vida, vamos sendo obrigados a perder alguns pedaços do nosso interior. Todos que amamos vão embora com o passar do tempo. Inclusive, pequenos fragmentos de nós mesmos vão ficando pelo caminho.
E o que eu estou ganhando com tudo isso?! Ainda não sei! Só sei que tudo isso está dentro de um mistério: um mistério divino!. Maranatha – vem Senhor!
Pedro Ivo Nunes de Souza
Pedro Ivo Nunes de Souza é cantor e compositor cristão. Goiano morando em São Paulo. Graduando em Administração de Empresas.