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QUARTO DOMINGO DA QUARESMA

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Por Padre José Luiz Gonzaga do Prado

Os textos bíblicos deste domingo:

1a. Leitura (Js 5,9a.10-12) O povo que viveu tanto tempo acampado no deserto chega à Terra prometida e começa a nova vida celebrando a Páscoa. É o que lemos aqui.

Salmo (34 [33], 2-7) Cantamos a alegria da vitória que Deus dá aos seus fiéis.

2a. Leitura (2Cor 5,17-21) Reconciliação era sinônimo de renovação, começar de novo. Vamos ouvir Paulo falando da reconciliação do mundo.

3a. L. Evangelho (Lc 15,1-3.11-32) No Evangelho vamos observar bem porque Jesus contou a parábola dos dois filhos ou do pai bondoso. O filho mais velho estaria simbolizando que tipo de pessoas?

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HOMILIA

A Realidade

Quando pretendia invadir o Iraque, o presidente Bush não se cansava de dizer que Sadam Hussein e outros eram do círculo do mal, enquanto os EEUU e outros eram do lado do bem.

Algo semelhante aconteceu em campanha eleitoral aqui no Brasil, talvez até em muitas dessas campanhas. Uns se considerarem os bons, tachando os outros de maus ou do lado do mal, não é coisa rara. A gente mesmo, talvez faça isso quando quer desclassificar alguém ou algo que nos incomoda.

A Palavra

Na Primeira. Leitura de hoje, o povo que viveu tanto tempo acampado no deserto chega à Terra Prometida e começa a nova vida circuncidando-se para “tirar o opróbrio do Egito, a casa da escravidão” e celebrando a Páscoa. Páscoa é vida nova, é recomeço, reconciliação.

Já a Segunda Leitura fala diretamente de reconciliação. Reconciliação era sinônimo de renovação, começar de novo. Ouvimos Paulo falar da reconciliação do mundo.

No Evangelho poderemos observar bem porque Jesus contou a parábola dos dois filhos ou do pai bondoso. O filho mais velho está representando aqueles que se achavam os bons e criticavam Jesus porque acolhia os do lado do mal e até comia com eles alimentos impuros, talvez até carne de porco.

O filho mais novo tomou a iniciativa de sair da rotina, ir à procura de algo diferente, aventurar-se na vida. Deu tudo errado. Ele só caiu em si, não quando comia carne de porco, mas quando disputava comida com os porcos.

No pensamento do filho mais velho, correto e comportado, o Pai comete uma grande injustiça ao celebrar com festa a volta do pecador.

O Pai avista ainda de longe o mais novo que vinha. Os “do lado do bem”, como o filho mais velho, ao contrário, não estão aí, na volta do pecador, estão “servindo a Deus”, como o mais velho estava na roça, a serviço do pai. Não lhes interessa a reconciliação, o recomeço, a vida nova, pois nada têm de que se corrigir.

O comportado diz ao Pai “este teu filho”, mas o Pai responde “este teu irmão”, a reconciliação não é só com o Pai, é também com o irmão.

O Mistério

Na Eucaristia celebramos Jesus que se parte em pedaços para promover a festa comum dos irmãos e dá o seu sangue, a sua vida, pelos pecadores, a fim de redimi-los ou libertá-los do pecado. Para quem não tem pecado Jesus não dá o sangue.

 

 

Padre José Luiz Gonzaga do Prado (86 anos), mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico em Roma. Atuou em trabalhos de tradução nos Evangelhos de Marcos e de Mateus para as Bíblias Pastoral, da CNBB, Nova Bíblia Pastoral e revisão da Bíblia na Linguagem de hoje.