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QUARTO DOMINGO DA QUARESMA

Capa Quarto Domingo da Quaresma

Por Padre José Luiz Gonzaga do Prado

Os textos bíblicos deste domingo:

1a. Leitura (1Sm 16,1b.6-7.10-13a) A narrativa da escolha do menino Davi para ser o rei de Israel vem mostrar que Deus enxerga diferente de nós. A gente vê as aparências, Deus vê o interior, o fundo das pessoas.

Salmo (23 [22],1-6) Respondendo à leitura que ouvimos, dizemos no Salmo que Deus é o único pastor.

2a. Leitura (Ef 5,8-14) A Epístola aos Efésios lembra que o cristão saiu da cegueira, da escuridão da mentalidade deste mundo e caminha agora na luz que lhe vem do Cristo.

3a. L. Evangelho (Jo 9,1-41) Notar no Evangelho quantas vezes se diz que o homem era cego de nascença. Nasceu cego, sempre foi guiado por outros. O Batismo é uma iluminação, é abrir os olhos, é poder enxergar por si mesmo, dispensar os guias.

HOMILIA

A Realidade

Frequentemente a pessoa que muda de filiação religiosa ou política sente-se como quem mudou de guia. Era guiado por uns, agora será guiado por outros.

Quando não é a um dirigente político ou religioso que a pessoa segue como um cego a seu guia, é ao que diz a televisão. Há pouco, num evento cultural no Rio de Janeiro, um roteirista da Globo disse que, quando o comando reúne roteiristas, diretores, autores, sempre começa dizendo: “Está na hora de emburrar todo o mundo!”.

A Palavra

O Evangelho de hoje inúmeras vezes diz que o homem era cego de nascença. Nasceu cego, foi sempre guiado por outros.

Os fariseus, que se consideravam os guias, não querem perder o seu cego, não querem admitir que Jesus lhe tenha aberto os olhos ou, então, que abrir os olhos aos cegos seja coisa de Deus. Eles é que sabem, eles sabem tudo.

Mas o Batismo é uma iluminação, tornar-se cristão é abrir os olhos, é enxergar por si mesmo, é dispensar os guias. Jesus unge os olhos do cego com o barro feito da saliva de sua boca e do pó do chão. Lavado na água do “enviado”, quem era cego começa a enxergar por si mesmo.

O barro lembra a criação do ser humano. Abrir os olhos faz que a pessoa seja mais gente, cria novamente o ser humano.

O cego, agora, enxerga melhor do que seus antigos guias. Diz-lhes: “É de espantar os senhores não saberem de onde é este homem!”. Os fariseus que diziam enxergar, saber tudo, ser os guias, agora são os cegos e permanecem no seu pecado.

O antigo cego vê Jesus e reconhece nele o Ser Humano, o Filho do Homem, o Enviado de Deus, chama-o de Senhor e diante dele se ajoelha.

A narrativa da escolha do menino Davi para ser o rei de Israel (1ª. L.) mostra que Deus enxerga diferente de nós. Vemos as aparências, Deus vê o interior, o fundo das pessoas.

O Mistério

Para participar efetivamente da Eucaristia é preciso ver, enxergar, ver e enxergar o que está por trás desses sinais. Não preciso de paramentos chiques nem de ostensório caríssimo para aumentar a minha fé. Preciso apenas ser capaz de, naquele pedacinho de pão erguido acima de um modesto cálice, enxergar a morte, a separação do corpo e do sangue, que tira o pecado do mundo, que liberta a humanidade, enredada na cobiça.