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QUEM DE NÓS NÃO PRECISA DE MISERICÓRDIA?

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Por Redação Katholika

 

O papa Francisco têm insistido desde o começo de seu pontificado no tema da misericórdia de Deus, revelado em seu filho Jesus Cristo e confirmado pelo Espírito Santo.

Mas, por que a ideia de misericórdia atinge tantos cristãos, como também incomoda tantos outros? Primeiro, misericórdia significa, em sua etimologia – de miserere e cordis – “ter misericórdia do coração”. Segundo, a misericórdia não excluí a ideia de justiça.

São Tiago em sua carta apresenta o que a comunidade cristã entende por justiça e misericórdia: “Assim, meus queridos irmãos, tende estes princípios em mente: Toda pessoa deve estar pronta para ouvir, mas tardio para falar e lento para se irar. Porque a ira do ser humano não é capaz de produzir a justiça de Deus.” (Tg 1,19-20).

E qual a justiça de Deus? São Tiago responde: “Porque o juízo é sem misericórdia para com aquele que não usou de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o juízo.” (Tg 2,13).

Essa perspectiva da misericórdia e justiça de Deus é uma boa notícia para todos, pois o ser humano é pecador. Ele está marcado pelo pecado original e está sempre tendencioso a fazer o que é mau. Como São Paulo descreveu a si mesmo em sua carta: “Não faço o bem que quereria, mas o mal que não quero” (Rm 7, 19).

A conversão, que é o primeiro anuncio dos apóstolos, está na Boa Notícia de que Jesus é o Salvador, capaz de perdoar o pecado e dar um novo sentido para a vida. O Batismo é o anúncio da misericórdia: “Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28, 19).

O mesmo sentimento de repulsa à prática do amor e da misericórdia ofertada por Jesus foi rejeitada pelos fariseus e escribas, apegados à lei que valia pela lei e não para libertar o homem: “os fariseus e os escribas, porém, murmuravam contra ele: ‘Este homem acolhe os pecadores e come com eles’” (Lc 15, 1-10).  Pois, “os sãos não precisam de médico, mas os enfermos; não vim chamar os justos, mas os pecadores.” (Mc 2, 17).

Ao ser repreendido pelo fato de descumprir a lei de guardar o sábado, uma lei tão importante para o povo judaico, Jesus responde: “O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado” (…) (Mc 2, 27).

Tudo isso indica que a misericórdia não é afrouxar a justiça e a necessidade da conversão de cada cristão. Pelo contrário, a misericórdia é a porta aberta, os braços “arreganhados” para o abraço do reencontro entre o Pai e seus filhos.

Toda atitude que repulsa a misericórdia em nome da justiça deve estar ciente de que “com a mesma medida com que medirdestambém vós sereis medidos” (Mc 2, 24). E qual cristão que não precisa de perdão e misericórdia? O decálogo (os dez mandamentos) inclui pecados contra Deus, os irmãos, contra a fofoca, a traição, a cobiça e não apenas alguns pecados considerados por muitos como depravação ou antinaturais.

Confira agora alguns trechos da Misericordiae Vultus, bula de proclamação do jubileu extraordinário da misericórdia:

“A Igreja tem a missão de anunciar a misericórdia de Deus, coração pulsante do Evangelho, que por meio dela deve chegar ao coração e à mente de cada pessoa. A Esposa de Cristo assume o comportamento do Filho de Deus, que vai ao encontro de todos sem excluir ninguém. No nosso tempo, em que a Igreja está comprometida na nova evangelização, o tema da misericórdia exige ser reproposto com novo entusiasmo e uma ação pastoral renovada. É determinante para a Igreja e para a credibilidade do seu anúncio que viva e testemunhe, ela mesma, a misericórdia. A sua linguagem e os seus gestos, para penetrarem no coração das pessoas e desafiá-las a encontrar novamente a estrada para regressar ao Pai, devem irradiar misericórdia.

A primeira verdade da Igreja é o amor de Cristo. E, deste amor que vai até ao perdão e ao dom de si mesmo, a Igreja faz-se serva e mediadora junto dos homens. Por isso, onde a Igreja estiver presente, aí deve ser evidente a misericórdia do Pai. Nas nossas paróquias, nas comunidades, nas associações e nos movimentos – em suma, onde houver cristãos –, qualquer pessoa deve poder encontrar um oásis de misericórdia”.