Por Richard Oliveira
Parei um instante e me vi perguntando por quantas pessoas eu seria capaz de dar a vida. A resposta me veio seca e muito rapidamente: quase nenhuma. Nesse momento, percebi que “amigos de verdade” são poucos.
Ouvindo uma palestra do historiador Leandro Karnal, resolvi fazer o teste que ele propunha para descobrir as amizades verdadeiras: procurei aqueles que eu entendia como meus amigos e lhes contei minhas alegrias e vitórias, minhas conquistas e sucessos. As reações me fizeram reduzir minha lista de amigos significativamente.
Um amigo de verdade será sempre capaz de se alegrar com as nossas vitórias e conquistas.
É fácil encontrar quem chore sobre nossas dores. Quase sempre essa presença vem acompanhada de uma compaixão, que aqui eu queria que fosse entendida como “dó”, que nos faz amargar ainda mais nossa má condição. São os amigos de velório. Eles vêm, nos abraçam, dizem palavras bonitas, se benzem diante do nosso “defunto”, mas estão mesmo interessados é no “café”.
Um amigo de verdade é uma presença reconfortante em qualquer momento, mesmo estando distante. Ele se alegra com nossas conquistas sem ter inveja delas. Ele ri das nossas bobeiras e não nos desinstala do nosso “eu”, a não ser quando percebe que a gente precisa de uma ajudinha para voltar para o eixo. Corrige quando é preciso, mas não para que nos adaptemos aos seus moldes e sim para que sejamos melhores por nós mesmos.
Uma amizade verdadeira é construída sobre a confiança, sem excluir a possibilidade das decepções. Amigo mesmo é aquela pessoa que vai nos decepcionar, mas jamais vai nos abandonar.
Por isso, entendo que amizade é de certa forma uma identificação involuntária. Não se escolhe os amigos, nós os encontramos nos caminhos da vida. E não se pode ser amigo de muita gente. Amigo e confidente talvez seja só um mesmo. Aquela pessoa com a qual somos capazes de dividir toda a nossa vida, com quem a gente fala dos nossos erros rindo deles.
Considero que amor de amigo talvez seja um dos mais perfeitos dos amores humanos. É desinteressado, quando é verdadeiro, e por isso é um tesouro que deve ser guardado no coração.
Mas, uma observação importante: Isso tudo não significa que podemos destratar, ignorar e não “amar em Cristo” as demais pessoas. Todas as pessoas merecem nosso respeito e consideração, mesmo não estando na posição de amigos.