No próximo domingo iniciamos um novo tempo na vida da Igreja. Com o Advento, começa o novo ano litúrgico, isto é, o ciclo de celebrações que tem por objetivo instruir, direcionar e alimentar a espiritualidade dos católicos no caminho de seguimento de Jesus. Um arco de três anos se repete num movimento espiral ascendente que permite aos fiéis que fazem da liturgia seu mapa de vida, crescer na fé e no aprendizado do evangelho.
As últimas semanas do ciclo – o que estamos vivendo agora – são permeadas por textos bíblicos que falam de Escatologia. Aos não habituados com o termo, A escatologia cristã é o estudo das últimas coisas, ou seja, do destino final do ser humano e do mundo criado por Deus. Mas, será que o mundo vai mesmo acabar?
Quando você liga a TV para ver o noticiário, ou rola o feed do TikTok ou do Instagram, provavelmente você experimenta certo medo e angústia. Há uns dias, uma senhora me parou depois de uma missa e perguntou: “Diácono, agora é o fim do mundo mesmo, não é?
A Igreja Católica, baseada na Sagrada Escritura e na Tradição Apostólica, ensina que o fim dos tempos não é apenas uma data no calendário, mas um acontecimento que envolve a segunda vinda de Cristo, o juízo universal, a ressurreição dos mortos, a nova criação e a plenitude do Reino de Deus. Para nós que nascemos no século passado, o calendário está todo riscado com as datas marcadas para o fim dos tempos que terminaram em nada: o mundo ia acabar no ano 2000. Não acabou. Recalcularam para 2012. Fui até ver o filme no cinema, mas, o ameríndio maia que resolveu terminar o calendário em 2012, ou quem interpretou o Maia, também errou. Depois tinha um planeta vindo em direção a terra, o Nabiru, mas a ressurreição das teorias medievais da terra plana, fizeram Nabiru virar piada. A pandemia era o fim. Não aprendemos nada com ela e muitos assintomáticos ou negacionistas continuam espirrando em cima das pessoas… e o mundo não acabou. A data continua sendo remarcada: 2024, 2025, 2028…
A resposta à essa angústia, que povoa o coração de tantos católicos, foi dada por Jesus há vinte séculos atrás: “Não sabeis o dia nem a hora” (Mateus 25,13)
O fim dos tempos não deve ser motivo de medo ou angústia, mas de esperança e confiança na vida nova que Cristo nos dá por sua morte e ressurreição. Ele é o Senhor da história e da eternidade, e tem o poder de transformar todas as coisas para o bem daqueles que o amam. Ele nos prometeu que estaria conosco até o fim dos séculos, e que nos prepararia um lugar na casa do Pai.
A escatologia cristã nos convida a viver no presente com os olhos voltados para o futuro, sem nos apegarmos às coisas passageiras deste mundo, mas buscando as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus. Ela nos lembra que somos peregrinos nesta terra, e que nossa pátria definitiva é o céu. Pensarmos nas coisas últimas, nos estimula a sermos fiéis à vontade de Deus, a praticarmos a caridade, a justiça e a paz, e a testemunharmos a nossa fé em meio às tribulações e provações.
A escatologia cristã, enfim, nos faz compreender que o fim dos tempos é, na verdade, o início de um novo tempo, no qual Deus será tudo em todos, e no qual nós participaremos da sua glória e da sua felicidade. Essa é a nossa esperança, que não decepciona, porque é fundada no amor de Deus, que se manifestou em Cristo Jesus, nosso Salvador.
Será que o mundo vai mesmo acabar? Se Cristo é a nossa esperança e se esse fim significa estar Nele, então rezamos insistentemente com a Igreja: “Maranata! Vem Senhor Jesus!”
Por Diácono Richard Oliveira