Por Padre José Luiz Gonzaga do Prado
Os textos bíblicos deste domingo:
1a. Leitura (Eclo 15,15-21[20]) Vamos ouvir uma reflexão sobre a Lei de Deus. Ela é a verdadeira sabedoria, a lei lógica, coerente, que traz a verdadeira felicidade para o ser humano. Não seguir a lei de Deus é tomar o caminho da morte.
Salmo (119 [118],1-2.4-5.17-18.33-34) No Salmo cantamos a sabedoria da Lei de Deus.
2a. Leitura (1Cor 2,6-10) Para o pequeno grupo tentado pelas ideias de poder, intelectualismo e prestígio, Paulo lembra a verdadeira sabedoria, a sabedoria dos humildes como Jesus.
3a. L. Evangelho (Mt 5,17-37) Para os fariseus a salvação estava na observância sem falhas de todos os mandamentos. Para Jesus, no Evangelho, o importante é obedecer ao sentido principal, ao espírito mesmo da lei.
HOMILIA
A Realidade
“Estupra, mas não mata!” é uma frase atribuída a um conhecido político paulista. É a ideia de só escapar da punição da lei. O que interessa é não ser atingido pela lei.
Já foi dito que enquanto dez pessoas cuidam de fazer leis para que ninguém consiga delas escapar, milhões de outras procuram e encontram um jeito de escapar. A mentalidade é esta, fazer o mínimo que a lei manda. Se a lei ameaça, basta escapar do castigo previsto.
Na Bíblia estão os dez mandamentos principais. Para os fariseus havia mais 603 mandamentos não escritos, mas a serem decorados e fielmente obedecidos. Não é por isso que o Código de Direito Canônico da Igreja Católica tem mais de mil e setecentos artigos ou cânones.
A Palavra
Na Primeira Leitura temos uma reflexão sobre a lei de Deus. Ela é a verdadeira sabedoria, a lei lógica, coerente, que traz a verdadeira felicidade para o ser humano. Não seguir a lei de Deus é tomar o caminho da morte. No Salmo cantamos a sabedoria da lei de Deus.
O trecho do Evangelho que vamos ouvir hoje faz parte do Sermão da Montanha, a nova Lei de Jesus. Várias vezes, Jesus fala do que está na Bíblia, mas diz que não pode ficar no que está escrito, tem de ir mais fundo, seguir o espírito, o significado maior daquilo que a Bíblia diz.
Para os fariseus a salvação estava na observância sem falhas de todos os mandamentos, escritos ou não. Para Jesus o importante é obedecer ao sentido principal, ao espírito mesmo da lei.
Não basta fisicamente não matar, não cometer adultério. No caso da oferenda, para os fariseus preciso ver antes se não tenho alguma impureza legal; para Jesus, preciso ver se alguém não tem motivo de queixa contra mim.
O Mistério
Celebramos na Eucaristia Jesus que se entrega àquela morte que, pela lei, seria uma maldição (Dt 21,23), mas na verdade é a bênção, a salvação.
Quando Jesus diz que dá essa sua carne a comer e que é preciso tragar, engolir a sua carne, os fariseus ficam perguntando “como é que ele vai nos dar sua carne a comer?”. Faziam como Nicodemos que perguntou “para nascer de novo precisa ficar pequenino, entrar no ventre da mãe e tornar a nascer?”.
Muitas vezes nossa visão da Eucaristia não vai além da realidade de uma presença física e não alcança o espírito de engolir a morte maldita pela lei, que salva do cativeiro da lei.