O rosto de um garoto bom, o sorriso limpo, o olhar voltado para o céu e o coração inflamado pelo amor a Jesus que ele contava para as crianças do catecismo, para o faxineiro de sua casa que se converteu ao cristianismo, para os pobres que encontrava na Obra São Francisco de Milão. Em apenas 15 anos de vida, Carlo Acutis saboreou o Paraíso na dedicação aos outros, na pressa de tornar o mundo conhecido, através das novas tecnologias, na beleza da Palavra de Deus, bem como na calma que vem da recitação do Terço e do valor da Eucaristia, sua “estrada para o céu”.
A beatificação de Carlos será realizada em Assis (Itália), local da sepultura do jovem, no sábado, 10 de outubro, às 16h, na Basílica papal de São Francisco. “A notícia é um raio de luz nestes meses em que enfrentamos a solidão e o distanciamento, experimentando o aspecto positivo da internet, uma tecnologia comunicativa para a qual Carlo tinha um talento especial”, sublinhou o bispo da Diocese de Assis-Nocera Umbra-Gualdo Tadino, dom Domenico Sorrentino. “Uma beatificação”, explicou o prelado, “que será um incentivo para todos”.
A notícia foi recebida com alegria em todo o mundo, principalmente pela mãe do futuro beato, Antonia Salzano. “Quando divulgamos a notícia da beatificação de Carlo, recebemos telefonemas de todo o mundo de pessoas que desejam vir da América do Sul, dos Estados Unidos e da Índia. Para nós é importante que o exemplo de Carlos possa ajudar muitos jovens e muitas pessoas a reencontrar fé em Jesus e, sobretudo, a importância dos Sacramentos, que representam o ponto chave da espiritualidade de Carlos. Era baseada antes de tudo na Eucaristia – que ela chamava “minha estrada para o céu” – que era o centro de sua vida. Creio que precisamente seja esta a mensagem fundamental: a Igreja é a dispensadora desses tesouros que o Senhor nos dá”, revela.
Carlo Acutis nasceu em Londres, em 3 de maio de 1991. Faleceu em Monza por causa de uma leucemia fulminante em 12 de outubro de 2006. Foi declarado Venerável em 5 de julho de 2018. Quase um ano depois, seus restos mortais foram transferidos para o Santuário da Espoliação em Assis. A ele foi reconhecido o milagre de um menino brasileiro, ocorrido em 2013. A criança sofria de distúrbios significativos do trato digestivo, com uma rara anomalia anatômica congênita do pâncreas, mas a cirurgia não foi realizada. A família e sua comunidade pediram a intercessão de Carlos para salvar o filho.
O jovem italiano desenvolveu um conhecimento esplêndido e exemplar da fé. Ele era um garoto quando se apaixonou pela Eucaristia, depois também voltou sua devoção a Nossa Senhora. Foi catequista, conseguiu transmitir a fé aos adolescentes, não apenas na forma clássica dos encontros, mas também explorou os meios tecnológicos. Realizou um projeto informático sobre os temas da fé. Tinha um site sobre milagres eucarísticos. Carlos viveu sua fé ao máximo. “Quero oferecer todos os meus sofrimentos pelo Senhor, pelo Papa e pela Igreja. Eu não quero ir para o purgatório. Eu quero ir direto para o Paraíso”, costumava dizer o jovem.