Por Padre José Luiz Gonzaga do Prado
Os textos bíblicos desta solenidade:
1a. Leitura (At 12,1-11) Nos primeiros anos depois da morte e ressurreição de Jesus já começava perseguição contra os discípulos. Vamos ouvir o episódio da prisão de Pedro, a oração que a comunidade faz por ele e como Deus lhe abriu as portas do cárcere.
Salmo (34 [33], 2-9) Celebramos o Martírio de Pedro e Paulo com os versículos do Salmo.
2a. Leitura (2Tm 4, 6-8.17-18) Esta leitura nos coloca Paulo vendo chegar a hora do mar-tírio, a hora de dar a vida pela fé. Olha para suas lutas passadas e para as recompensas que o esperam.
3a. L. Evangelho (Mt 16,13-19) Pedro declara com firmeza que os discípulos, ao contrá-rio do que os outros diziam, creem que Jesus é o Messias. É por isso, que Jesus confia a ele a tarefa principal na sua Igreja.
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HOMILIA
A Realidade
Na reunião de um grupo de reflexão uma “dirigente” dizia que tinha o apoio do padre, que ela é que preparava as reuniões, ela sabia mais que os outros etc. etc., por isso ela era o bom pastor. Um participante retrucou: “Fulana, você já viu um burro ficar tão prático no varal da carroça que um dia ele passa a carroceiro? Só Jesus é o verdadeiro pastor!”.
O rebanho é dele, a Igreja é dele. Mas não pode ficar à mercê dos ventos ou da boa vontade espontânea para se organizar e caminhar. O grupo humano, por menor que seja, a comunidade, por melhor que seja, a Igreja toda, por mais consciente que seja, não podem ficar sem organização, sem distribuição de tarefas e encargos. Um carro precisa de motor, mas precisa também de direção.
A Palavra
Na Palestina a expectativa era da vinda de um Messias-Rei que viesse resolver o problema nacional. Fora de lá, Jesus pergunta quem ele é. Contra a opinião do povo que via nele apenas mais um profeta, Pedro afirma ser ele o verdadeiro Messias.
Por força dessa profissão de fé que corresponde ao verdadeiro pensamento de Deus, Jesus lhe dá o encargo de ser a rocha sobre a qual constrói a sua Igreja. A Igreja, comunidade dos discípulos de Jesus está sempre se construindo, se formando e não pode esquecer a primeira pedra do seu alicerce.
O que hoje se celebra é o martírio das duas testemunhas, Pedro e Paulo, mortos pelo mesmo Império Romano que matou Jesus (Ap 11,8). A primeira leitura fala de uma prisão e libertação de Pedro e da oração da comunidade por ele. A segunda Leitura apresenta Paulo, o grande motor da Igreja primitiva e companheiro de Pedro no testemunho, vendo chegar a hora de sua morte.
O Mistério
Jesus é o primeiro dos mártires, aquele que deu seu belo testemunho perante Pôncio Pilatos (1Tm 6,13). Os outros foram apenas seus seguidores. De Pedro o próprio Jesus alude à sua morte de cruz (Jo 21,18-19) e completa “Segue-me!”.
Na Eucaristia celebramos também todos aqueles que lavaram seus mantos no sangue do Cordeiro imolado e de pé e que, assim, tira o pecado do mundo. Não é a riqueza, o poder ou a autoridade, é a doação da própria vida que faz vir o Reino de Deus e realizar-se sua vontade assim na terra como no céu.