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TERCEIRO DOMINGO DE PÁSCOA

CAPA

Por Padre José Luiz Gonzaga do Prado

Os textos bíblicos deste domingo:

1a. Leitura (At 2,14a.22-33) Vamos ouvir um resumo da primeira pregação cristã: Jesus, homem aprovado por Deus, foi morto pelas autoridades, mas não ficou na morte, está vivo e atuante. E tudo segundo as Escrituras.

Salmo (16 [15],1-2a.5.7-11) Cantamos o Salmo que faz pensar na ressurreição de Jesus.

2a. Leitura (1Pd 1,17-21) A carta que vamos ouvir foi dirigida a cristãos que, por causa da sua pobreza, poderiam se sentir o lixo da humanidade. Lembra que eles foram resgatados da escravidão do pecado pela preciosa morte de Jesus. Ouçamos.

3a. L. Evangelho (Lc 24,23-35) Discípulos desiludidos e desanimados se afastam da comunidade. Jesus se aproxima, com eles caminha, faz perguntas, explica tudo e fica com eles. Mas é só no agir de Jesus que os olhos deles se abrem.

HOMILIA

A Realidade

Multiplicam-se os grupos que se reúnem regularmente para refletir sobre a realidade iluminada pela Palavra de Deus. O que, muitas vezes, pode acontecer é de uma pessoa se arvorar em chefe ou ser a pessoa que sabe, trazendo prontas todas as respostas. Caem naquilo que Paulo Freire chamava de “educação bancária”, aquele que sabe deposita seu conhecimento na cabeça dos que não sabem, com o direito de depois sacar o que depositou.

Esse método deve estar totalmente superado inclusive nas escolas. Um caminho diferente precisa ser encontrado.

A Palavra

Lemos hoje o episódio evangélico dos discípulos de Emaús. Discípulos desiludidos afastam-se da comunidade.

A primeira coisa que Jesus faz é caminhar com eles. Vai na mesma direção, são companheiros de caminhada, querem chegar ao mesmo lugar.

Em seguida pergunta, pergunta, pergunta até quase fazê-los perder a paciência. Nas respostas já se encontram pistas, como o testemunho das mulheres, que eles não valorizavam.

Só depois vai mostrando como tudo o que disseram era coerente com a Palavra de Deus, Moisés (o Pentateuco) e os profetas (o restante do Primeiro Testamento). O Messias deveria mesmo padecer e morrer antes de entrar em sua glória. Aquela morte vergonhosa que os deixara decepcionados estava nos planos de Deus, era o caminho da vida, da salvação, do mundo novo, da libertação do novo Israel.

Mas faltava alguma coisa. Tudo esclarecido, faltava o agir. Não basta falar, é preciso fazer, as palavras podem comover, mas só o exemplo arrasta. Estava claro que o Messias deveria morrer daquela forma, que o dar a vida pelo outro é o que salva e livra da morte, mas por onde começar?

Jesus entrou para ficar com eles, mas só quando deu ao partir-repartir do pão o significado da entrega de si mesmo à morte, os olhos dos discípulos se abriram e eles decidiram voltar para a comunidade.

O Mistério

A Missa, como também essas nossas meditações, têm o mesmo esquema do episódio evangélico: A Realidade, a Palavra e o Mistério. A Palavra vem iluminar a realidade, pode ser ela a mais decepcionante. E o Mistério ou celebração atualiza o gesto decisivo de Jesus de dar-se em pedaços para tirar o pecado do mundo e reunir a humanidade dividida em contínuas discórdias.