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UM MERGULHO NO AMOR DO CORAÇÃO DE JESUS

Sagrado

A única vez em que Jesus falou do seu próprio coração na bíblia, no Evangelho de Mateus, dirigindo-se a todos os que estão cansados, fatigados, iludidos e desesperados, convidou-os a encontrar nele o verdadeiro descanso e a aprender dele o que ele é ser manso e humilde de coração (Cf. Mt 11,29). No longo trajeto anual, a Igreja propõe uma pausa com lugar e nome: o Coração de Jesus.

Biblicamente falando, o coração é o lugar mais íntimo de cada pessoa, o lugar em que se tomam as decisões mais importantes, é a sede dos afetos e para nós, até hoje, é símbolo do amor. Jesus convida ao descanso na sua intimidade, no seu amor. No Evangelho de João, um discípulo muito amado reclina sua cabeça no lado de Jesus. Este convite a reclinar-nos ao lado de Jesus é destinado a todos os discípulos, de todos os tempos. É um encontro, coração a coração.

Certa vez, disse Dom José Tolentino que “a terra de Jesus é o coração humano”. Fazendo-se um de nós, o Filho muito amado de Deus traz-nos o eterno na história, com gestos claros que expressam aquele “com amor eterno eu te amei” (Jr 31,3) do Antigo Testamento. Curiosamente, o amor eterno de Deus é expresso plenamente no amor humano de Jesus, na acolhida, na atenção e na doação de si a todos os corações humanos, inquietos e necessitados, de ontem e de hoje.

Diante disso, temos de reconhecer a real atração do amor: “Criaste-nos para Ti, Senhor, e o nosso coração está inquieto enquanto não repousa em Ti”, escreveu o grande Santo Agostinho de Hipona. Aquele que nos fez com desejo, nós desejamos encontrar, como naquela cena de Jesus com a Samaritana, em que parte de Jesus a súplica “dá-me de beber!” e termina com a mulher pedindo “Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede” (Jo 47–15). O apaixonado amor de Jesus conquista o coração de quem dele se aproxima.

Diante da frieza do coração humano, no mundo em que vivemos, parar e encontrar descanso no coração de Jesus significa dar novo sentido ao nosso, tão ferido por contradições, medos, egoísmo, violência… Antes, Jesus, com seu amor, reclina sua cabeça no nosso coração para sentir estas feridas humanas e, depois, nos chama a reclinar a nossa cabeça no seu coração com o convite “aprendei de mim…”.

Não nos resta dúvida de que encontrar descanso e permanecer no seu amor é a nossa maior alegria. O Coração que jorrou sangue e água, fonte de vida, transforma as nossas vidas, ensinando-nos a mansidão e a humildade, tão necessárias hoje. A belíssima devoção ao Sagrado Coração de Jesus é um verdadeiro mergulho no divino oceano de amor e misericórdia, mergulho revigorante e que nos aproxima do coração dos nossos irmãos. Aliás, esta é a grande lição que aprendemos: o descanso que em Jesus encontramos, muito longe de qualquer passividade, tende sempre ao serviço.

Padre Bruno dos Santos Moreira

Padre Bruno Moreira, Diocese da Campanha (MG), é licenciado em Filosofia pela FAERPI, bacharel em Teologia pela FACAPA e pós-graduado em História da Arte Sacra pela FDLM.