O seminarista Otávio Augusto de Oliveira, tem 26 anos e é natural da cidade de Paraguaçu-MG. Atualmente reside em Pouso Alegre – MG, no Seminário Santo Antônio.
É graduado em Educação Física pelo Centro Superior de Ensino e Pesquisa de Machado – MG (CESEP), e em Filosofia pela Faculdade Católica de Pouso Alegre (FACAPA). Atualmente, cursa o 2º ano de Teologia, também na FACAPA.
O Katholika conversou com Otávio Augusto sobre a vida de um seminarista em nossos tempos. Acompanhe na integra!
Katholika: Como você discerniu sua vocação? Conte-nos um pouco de sua história vocacional.
Aos 16 anos tive minha primeira experiência de fé em um Grupo de Jovens paroquial. Um outro passo marcante, foi receber o Sacramento do Crisma. Recordo-me que a cada encontro eu me encantava com as coisas da Igreja e comecei a frequentar assiduamente minha comunidade paroquial. Um certo dia, participando de uma Missa com a juventude, o então Pároco – Pe. Edimar, disse em sua homilia: “jovens, faz quarenta e três anos que não sai um Padre aqui dessas terras, vocês que participam do grupo de jovens, seria bom irem pensando sobre a sua vocação. Talvez, Deus está lhe chamando ao sacerdócio”. Naquele mesmo instante, as palavras do Padre vieram ao meu encontro. Decidi partilhar então com ele, o meu desejo de iniciar o acompanhamento vocacional. Porém, o que me deixou indeciso foi a faculdade de Educação Física que eu cursava. Eu não queria deixá-la para ir ao Seminário. Então resolvi terminar o curso para depois ingressar no Seminário.
Katholika: Como é o processo para ser ordenado Sacerdote?
Em minha diocese, Diocese de Guaxupé (MG), ingressamos no seminário São José, em Guaxupé, na etapa chamada propedêutico. Lá ficamos um ano. Nessa etapa, complementamos e aprofundamos a iniciação à vida cristã. Nela, também somos introduzidos nos pormenores das vida humana, espiritual e acadêmica.
Após esse um ano, vamos para Pouso Alegre, no Seminário Santo Antônio, para cursarmos Filosofia, na Faculdade Católica de Pouso Alegre (FACAPA). São três anos de estudos filosóficos, juntamente com nossas atividades e estudos internos no seminário. Ao formar em Filosofia, vamos para o estudo da Teologia, (na mesma Faculdade) e nessa etapa, estudamos mais quatro anos.
Depois desses períodos no Seminário, somos enviados para a realização da etapa de “Síntese Vocacional”. Nela somos destinados para uma determinada paróquia e moramos junto a um padre por volta de nove meses. Após este tempo, somos ordenados Diácono e, depois de aproximadamente seis meses, recebemos a ordenação sacerdotal.
Katholika: Como você enxerga a sua vida de seminarista e as coisas que podem ser vividas fora do seminário?
A nossa vida de seminarista, assim como qualquer outra, é cheia de desafios, alegrias, conflitos e amor. Apesar de tantas dificuldades, vejo que vale a pena doar a minha vida a Deus em prol do seu Reino, pois no fundo do meu coração vejo que sou uma pessoa feliz. Percebo que a conversão diária é imprescindível na vida de seminarista, pois a cada dia é preciso renovar aquele ‘sim’ que demos um dia ao ingressar no Seminário. Ressalto também, que a nossa vida é muito disciplinada, temos horários para cada momento, e isso nos ajuda na organização do tempo.
Muitos pensam que a nossa vida de seminarista resume-se a passar o dia todo rezando. Não! A nossa vida é diversificada, temos horários para rezar, estudar e para o lazer. Percebo, a cada dia, que é preciso compreender a vida como um todo: corpo, alma e espírito. Desse modo, procuro equilibrar essas dimensões.
Katholika: Você gosta e prática esportes?
Amo praticar esportes!!! O meu esporte favorito é o futebol. Sou corinthiano roxo (risos). Os meus momentos de ócio, sempre são preenchidos com o futebol, a natação, a musculação e claro, uma alimentação saudável. Estou convencido de que o esporte pode curar muitas doenças não só físicas, mas também psíquicas ema nossa vida. É preciso ter atenção com isso.
A nossa vida no Seminário é muito intensa, por isso, vejo o esporte como um grande aliado nessa empreitada. O esporte tem a capacidade de aliviar em cada um de nós aquela tensão dos estudos, dos pesos dos compromissos, de melhorar a qualidade do nosso sono, nossa autoestima, nosso humor e ainda contribui para reduzir o estresse e a possibilidade de Depressão.
Katholika: Como você se vê como padre daqui a 10 anos?
É difícil prever, pois muitas coisas mudam em nossa vida. Mas o meu desejo é ser um Padre que corresponda ao tempo presente em que vivo. Com dez anos de Padre, imagino-me mais maduro no ministério e mais feliz.
Katholika: Qual a mensagem que você gostaria de deixar para os leitores do Katholika?
Aos leitores, a mensagem que deixo é de que vale muito a pena entregarmos a nossa vida a Deus, seja ela como Padre ou não. Viver em Deus é sempre fazer a vontade d’Ele, mesmo que isso custe a nossa vida. Para corresponder ao chamado do Senhor, na minha humilde opinião, algumas coisas são de suma importância e podem servir para todos: qualidade do sono, alimentação saudável, organização do tempo: para rezar, estudar e praticar algum tipo de esporte e lazer. Vivendo bem esses aspectos, temos uma qualidade melhor de vida para poder desempenhar bem nossas tarefas. É preciso cuidar do físico, da alma e do espírit. E nesse equilíbrio, serviremos melhor ao Senhor e ao seu povo.