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PRIMEIRO DOMINGO DA QUARESMA

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Por Padre José Luiz Gonzaga do Prado

Os textos bíblicos deste domingo:

1a. Leitura (Dt 26,4-10) Os donativos das primícias, os primeiros frutos da colheita, eram ocasião para o judeu devoto recordar a presença de Deus na sua história e reconhecê-lo como único Senhor.

Salmo (91 [90],1-2.10-15) Este Salmo será citado pelo demônio quando tenta Jesus.

2a. Leitura (Rm 10,8-13) Falando a cristãos judeus e não-judeus, Paulo insiste na igualdade entre todos na possibilidade de salvação.

3a. Evangelho (Lc 4,1-13) Jesus começa a sua missão com uma quaresma, quarenta dias de jejum e provação. É só um ensaio. As forças do mal continuam lutando contra ele até sua morte.

HOMILIA

A Realidade

A tentação de reduzir o sentido da vida ao pão, isto é: comida, casa, roupa, conforto, consumo, está aí, ninguém nega. E a do poder? “Em política e em negócios só não pode perder, o mais tudo pode, tudo vale!” E é também muito atual a tentação de colocar Deus a meu serviço: “Dá o teu dízimo, que ele resolve teus problemas!”, “Deixa que ele cuida de você!” “Jogo fora esses remédios, Jesus vai te curar!”.

A Palavra

A Primeira Leitura lembra a festa das primícias. Os primeiros frutos da colheita eram ocasião para o judeu devoto recordar a presença de Deus na sua história e reconhecê-lo como único Senhor. E a alegria da colheita se encerra com a partilha, celebrando a festa com comida, em companhia dos sem-terra, do levita e do migrante. Responde às tentações do acúmulo e do consumismo.

O Salmo de hoje é o citado pelo demônio quando tenta Jesus a saltar do alto do templo.

Falando a cristãos judeus e não-judeus (2ª L.), Paulo insiste na igualdade entre eles e na possibilidade que todos têm de se salvar. Bastará apenas procurar o verdadeiro Senhor e Salvador Jesus.

No Evangelho, Jesus começa a sua missão com uma quaresma, quarenta dias de jejum e provação.

Embora o alimento fosse a maior urgência da Palestina, é preciso lembrar que nem o pão, que era o mínimo para eles, muito menos o consumismo exasperado de hoje, resumem o sentido da vida. Não só de pão vive o homem. É na Palavra de Deus que vamos encontrar esse sentido. Para encontrá-lo é preciso ter moderação.

Em Lucas a segunda tentação é a do poder. Para cada um se sentir também, com ele, o dono do mundo, basta adorar o diabo, o inimigo de Deus, qualquer nome que ele tenha hoje, Capital, Competição, Mercado ou outro.

Lucas coloca no final a tentação de “tentar a Deus”, usá-lo a meu serviço, como não nos cansamos de ver em muitas igrejas e em muitos canais religiosos de TV. Mas tudo é só um ensaio. As forças do mal continuam lutando contra Jesus até sua morte, a hora das trevas, o momento oportuno.

O Mistério Na Eucaristia celebramos a última tentação, a hora das trevas, o momento oportuno. Celebramos o momento angustioso daquele que sabe que deve ir até o fim, ser coerente até a morte e morte de cruz, mas treme de pavor ao enfrentar essa hora. A Hora que celebramos é o arremate da quaresma de Jesus e da nossa.

Padre José Luiz Gonzaga do Prado (86 anos), mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico em Roma. Atuou em trabalhos de tradução nos Evangelhos de Marcos e de Mateus para as Bíblias Pastoral, da CNBB, Nova Bíblia Pastoral e revisão da Bíblia na Linguagem de hoje.