Os textos bíblicos deste domingo:
1a. Leitura (Is 55,10-11) O povo que estava no cativeiro tinha a esperança de terminar seu sofrimento. Alguns pensavam em ações grandiosas, com poder e força. O profeta vem nos dizer que o pensamento de Deus é outro, a salvação parece uma chuva mansa.
Salmo (65[64],10-14) No Salmo, lembrando uma chuva mansa, pensamos na fartura de vida que a Palavra de Deus produz.
2a. Leitura (Rm 8,18-23) Segundo Paulo, não só judeus e não-judeus, a criação toda é salva por Jesus Cristo. Com o domínio do pecado, a natureza perdeu a razão de ser, com os filhos de Deus ela recupera o seu sentido.
3a. L. Evangelho (Mt 13,1-23) Com comparações simples, a palavra de Jesus mostra aqui a realidade da comunidade cristã, seja a menor de todas, seja a Igreja inteira. A realidade é de fraqueza, limitação, pouco proveito. Mas não deixa de ser início do Reinado de Deus.
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HOMILIA
A Realidade
“Quanta gente na procissão do enterro! Vamos ver se a celebração da Páscoa vai ter tanta gente assim!” E, ainda, poderíamos perguntar: “E quantos desses participam regularmente das celebrações semanais?”. Mais ainda, desses todos, quantos vivem o seu compromisso cristão no trabalho, na vida social, na sua participação política? Será que a mensagem do Evangelho não chegou a eles? Chegou, sem dúvida, mas não chegou a toda a vida deles. Alguma coisa está faltando, parece que está tudo errado.
A Palavra
Comentando a parábola do semeador, alguém disse: “A gente toma mais cuidado para não perder tanta semente. Primeiro prepara bem a terra, espera a chuva, depois, em cada cova vai a quantidade certa de semente e de adubo. Se não, o prejuízo é grande demais!”.
No tempo de Jesus não havia esses cuidados. Primeiro semeavam, depois aravam por cima. A semente que conseguisse vingar e produzir era o bastante para se ter o que comer. Grande parte se perdia, não há dúvida.
O Evangelho de hoje compara a divulgação da Palavra de Deus com um plantio dessa forma. Grande parte das sementes se perde.
A parábola original talvez quisesse dizer apenas que a Palavra de Deus cresce e produz por si mesma. Lembraria, assim, a primeira leitura, segundo a qual a Palavra de Deus não dá um espetáculo de raios e trovões, mas é chuva mansa, “chuva criadeira”.
O Evangelho vai mais além, vê um significado em cada porção de semente que se perde. Mas não é a semente da Palavra que aqui é fraca, ali é mais forte, são os diferentes terrenos em que ela cai que farão as diferenças.
Seria bom que sempre produzisse os melhores frutos, mas a realidade é essa, o Reinado de Deus é e caminha assim mesmo, como um desigual terreno de plantio na Palestina do tempo de Jesus.
O Mistério
Na eucaristia celebramos a plenitude do Reinado de Deus, uma humanidade onde todos são filhos do mesmo Pai, reunidos em torno da mesma mesa. Celebramos a vontade, o sonho do Pai realizado aqui na terra como, esperamos, no céu.
Mas isso só acontece à custa da entrega que Jesus faz de si mesmo à morte mais humilhante, a morte de cruz. Aí se planta o Reinado do Pai, na fraqueza. Se nem todos aproveitam, a culpa não é dele.